sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Galo francês ganha disputa judicial com vizinhos – para continuar cantando

Maurice é um galo que vive na pacata Ilha de Oléron, território de 7 mil habitantes na costa da França, e gosta das coisas boas da vida. Entre elas, levantar bem cedinho e, a plenos pulmões, dar uma amostra de sua potência vocal para a vizinhança.

Até aí, nada de anormal: cantar de manhã é um hábito mantido por todo galo que se preze: é uma forma de mostrar para quem ouve que aquele pedaço tem dono.

O grande problema é que ele vive próximo a vizinhos que prezam pelo silêncio e são pouco afeitos a shows matinais de galináceos. Tanto que, para impedir a cantoria de Maurice, entraram com uma ação judicial contra Corine Fasseau, a dona do bicho.

Jean-Louis e Joelle Biron são um casal de fazendeiros aposentados, que comprou uma casa de veraneio em Oléron há 15 anos. Eles alegaram que sua vida nunca mais foi a mesma desde o nascimento de Maurice, há quatro anos. O hábito do galo de cacarejar religiosamente “às 4h da manhã”, segundo eles, gerava uma poluição sonora anormal, que perturbava sua estimada paz e quietude – principalmente nos feriados.

A ideia era que o processo obrigasse a dona arrumar um novo lar para o galo ou, de alguma forma inédita, dar um jeito dele calar o bico.

O problema é que o tiro saiu pela culatra e o tal processo foi vencido por Fasseau. Além de Maurice continuar podendo cantar no horário que bem entender, o júri francês determinou que a dona deve receber uma indenização gorda, de € 1.000 (algo como R$ 4.500), por danos morais. A disputa levou dois anos para ser resolvida e terminou na última quinta-feira (5).

Antes da decisão favorável ao galo, um oficial do júri ficou na casa dos aposentados que moviam a ação por três noites, para verificar o barulho de Maurice. Ele detectou que o galo cantou “sem parar” entre 6h30 e 7h da manhã, mas o barulho era “quase inaudível” com as janelas fechadas. 

“Estou sem palavras. Nós certamente os tiramos do sério”, disse Fasseau depois do julgamento à AFP. “É uma vitória para todos aqueles que se encontram em uma situação parecida com a minha. Espero que isso abra precedente para outros casos. Todos, agora, vão ser protegidos: os sinos de igreja, os sapos… por que não uma Lei Maurice para proteger todos os barulhos do meio rural?”.

É como diz aquele ditado: cacareja melhor quem cacareja por último. E Maurice parece não ter planos de parar com a cantoria tão cedo.


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