segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Estudo avalia a eficácia das células-tronco contra incontinência urinária

Tossir, pegar um objeto pesado, correr de leve ou pular um obstáculo: atos banais do dia a dia como esses são capazes de fazer o xixi escapar de forma involuntária. É a incontinência urinária de esforço, problema que acomete de 15 a 35% das mulheres, sobretudo na faixa etária entre 45 e 65 anos. O parto vaginal e o envelhecimento são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do problema. Isso porque podem afetar nervos, músculos, vasos sanguíneos e o tecido conectivo do assoalho pélvico, responsáveis pela manutenção da continência urinária. O tratamento pode ser cirúrgico ou à base de fisioterapia. O Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Laboratório Stemcorp, especializado em coleta de células-tronco, está avaliando pela primeira vez no Brasil uma nova opção terapêutica para esse tipo de incontinência: o uso de células-tronco adultas para regenerar as estruturas danificadas impedindo o escape da urina.

Células-tronco têm capacidade para gerar diversos tecidos do organismo. Elas estão presentes em estruturas ou órgãos já constituídos, como medula óssea, cérebro, medula espinhal, polpa do dente, músculo esquelético, córnea, retina e fígado. No organismo, se encarregam de renovar os tecidos e repor células destruídas por trauma ou doença.

Em geral, elas se diferenciam em unidades celulares de seu local de origem. Mas alguns tipos de célula-tronco adultas, como as da medula óssea, podem formar, por exemplo, tecido nervoso. Hoje, as originárias do músculo são as mais usadas na uroginecologia.

No caso do estudo, elas são extraídas da medula óssea (responsável pela produção das células sanguíneas) e dos músculos. O trabalho deverá incluir 40 participantes: metade receberá células-tronco retiradas do músculo e metade, da medula óssea.

Depois de retiradas, as células-tronco são cultivadas em laboratório para que, em seguida, sejam injetadas na uretra. O procedimento dura de 10 a 15 minutos. “Com células da própria paciente, o risco de rejeição é improvável”, explica o ginecologista e obstetra Rodrigo Castro, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Antes da terapia celular, elas passam por exame clínico, estudo urodinâmico (que avalia a função de enchimento e esvaziamento da bexiga) e teste do absorvente (para verificar o escape urinário), além de responderem a um questionário específico sobre qualidade de vida. Os resultados dessa batelada de testes serão comparados aos obtidos após um ano de realização do procedimento.

Dez mulheres já se submeteram ao tratamento. “A primeira voluntária já não está mais perdendo urina”, revela Castro.

Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein


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