quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Partículas de fulígem podem chegar à parte interna da placenta, diz estudo

Não é novidade que a poluição do ar faz mal para a saúde. O chefe da Organização Mundial da Saúde chegou a afirmar que ela é o ‘novo tabaco’, mas levando em conta que ela pode danificar não só os pulmões, mas também órgãos como coração e cérebro, a poluição aparece como algo ainda pior.

Mais de 90% da população mundial já sofre as consequências de respirar um ar tóxico. Agora, as pesquisas estão cada vez mais interessadas em analisar os impactos na saúde das pessoas mais vulneráveis: as crianças. E um novo estudo, realizado por pesquisadores belgas, revelou que não só os pequenos em contato direto com a poluição estão em perigo. Partículas nocivas podem atingir fetos, dentro da barriga da mãe.

Na pesquisa, publicada na revista científica Nature Communications, os cientistas analisaram especificamente as partículas de carbono preto, ou fuligem, um poluente emitido na queima de combustíveis fósseis como gasolina, diesel e carvão. Os pesquisadores já suspeitavam que essas partículas pudessem atingir a placenta dos fetos, algo apontado por pesquisas feitas em coelhos e culturas de células retiradas de mulheres grávidas. Para ter certeza, entretanto, eles resolveram analisar placentas reais.

Amostras da placenta de mulheres não fumantes, que deram à luz em um hospital da Bélgica, foram coletadas logo após elas darem à luz. Sem surpresa, as suspeitas se confirmaram: partículas de fuligem estavam incorporadas no tecido interno da placenta, justamente do lado que fica em contato direto com o bebê.

A placenta é um órgão temporário que apresenta uma barreira natural entre mãe e feto durante toda a gravidez. Embora tenha sido inicialmente considerado uma barreira impenetrável, foi demonstrado que várias substâncias, como álcool, podem atravessá-la. Fuligem, agora, também entrou nessa lista. De acordo com os pesquisadores, este é o primeiro estudo a mostrar que a barreira placentária pode ser penetrada por partículas do ar inaladas pela mãe.

De acordo com os pesquisadores, a quantidade de carbono preto na placenta foi proporcional à exposição a poluentes de cada mulher durante a gravidez, baseando-se por onde cada uma morava. As mulheres que experimentaram níveis mais altos de emissão de carbono preto registraram uma média de 20.900 partículas de fuligem por milímetro cúbico de placenta. As menos expostas, por outro lado tinham uma média de 9.500 – menos que a metade.

“Esse é o período mais vulnerável da vida. Para a proteção das gerações futuras, temos que reduzir essa exposição” disse o professor Tim Nawrot, que liderou o estudo. Segundo estimativas recentes, cerca de 300 milhões de crianças e bebês vivem em lugares onde a fumaça tóxica está seis vezes acima das diretrizes internacionais.


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