O U.S. Food & Drug Administration (FDA), órgão que regula os remédios nos Estados Unidos, aprovou recentemente o primeiro gel anticoncepcional não-hormonal, como reportou VEJA. O medicamento, da farmacêutica Evofem Biosciences, evita a gravidez alterando temporariamente o pH da vagina. Isso torna o ambiente ácido para os espermatozoides e os impede de fecundar o óvulo.
Batizado de Phexxi, o gel deve ser inserido no canal vaginal através de um aplicador, imediatamente antes de cada relação (ou até uma hora antes). Ele não funciona se for injetado depois do sexo.
O fármaco chega como uma opção à pílula. Veja: uma parte das mulheres sofre efeitos colaterais dos hormônios, como náuseas, sangramento, dor de cabeça e ganho de peso. Há ainda um risco pequeno de trombose associado aos comprimidos — que aumenta se a mulher fumar, por exemplo.
No mais, o fabricante defende que a novidade, por ser aplicada sob demanda, é mais simples do que outros métodos.
“Muitas das minhas pacientes passaram por inúmeras opções de contraceptivos e ainda não acharam um que se encaixe em suas necessidades reprodutivas e sexuais. Phexxi oferece às mulheres liberdade dos hormônios”, comentou o ginecologista Michael A. Thomas, da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, em comunicado à imprensa.
Mas calma que esse produto também tem suas desvantagens.
O estudo que gerou a aprovação do gel anticoncepcional
A última fase de pesquisas foi publicada no periódico científico Obstetrics & Ginecology. Os cientistas analisaram a eficácia, a satisfação sexual e os eventos colaterais do método.
Participaram do experimento 1 330 voluntárias de 18 a 35 anos. Elas deveriam aplicar o gel antes de transar pelo menos uma vez a cada ciclo menstrual, durante sete ciclos.
Para avaliar a capacidade de evitar uma gestação indesejada, os resultados de 1 003 mulheres foram considerados. Os cientistas constaram que, ao usar o medicamento corretamente, o risco de falha variava de 6,7% a 10%.
Ok, o gel se mostrou eficaz. Porém, para efeito de comparação, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que esse índice vai de 0,2% a 0,8% para o DIU e 0,3% a 9% para a pílula. A variação se deve ao quão corretamente cada estratégia é empregada.
Em outras palavras, o gel anticoncepcional parece ter um índice maior de falha — embora nenhuma pesquisa tenha comparado as táticas diretamente. No mais, assim como a pílula, esse item traz a desvantagem de depender da memória. Ora, esquecimentos na hora tomar o comprimido ou de aplicar o gel certamente aumentam o risco de uma gravidez indesejada.
Por outro lado, aquele estudo indica que 44,5% das mulheres apontaram uma melhora na vida sexual após o uso do gel anticoncepcional. Elas relataram maior lubrificação vaginal, libido e orgasmo. Como comparação, apenas 16,9% disseram o mesmo sobre o contraceptivo que utilizavam anteriormente.
Os principais efeitos colaterais apresentados foram queimação vaginal e coceira. No entanto, esses eventos desagradáveis foram diminuindo a cada ciclo consecutivo.
Cerca de 20% das participantes reclamaram de queimação no começo, mas não mais do que 1,4% continuaram apresentando o problema ao fim de sete ciclos menstruais. Quanto à coceira, a taxa foi de 11,2% no princípio para 0,3% no fim da investigação.
Um fato interessante: o Phexxi pode ser combinado com contraceptivos hormonais, camisinha e diafragma (já a associação com o anel vaginal não é recomenda). Ele é contraindicado para gestantes.
Apesar de já ter sido aprovado, o lançamento acontecerá apenas em setembro nos Estados Unidos. E não há previsão para a chegada do produto no Brasil.
De qualquer jeito, surge a perspectiva de mais uma opção para que cada mulher decida, com todas as informações em mente, qual o contraceptivo ideal para ela.
Qual a eficácia do gel anticoncepcional sem hormônios, aprovado nos EUA Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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