Nem um pouco. Pense no pior vinho que você já provou – aquele da garrafa de R$ 8,00. Agora, adicione água e vinagre à mistura. Se preferir, pode incluir mel para adoçar um pouco, ou ervas se estiver procurando por propriedades medicinais. Essa gororoba não se assemelha nem um pouco ao ícone ébrio que conhecemos hoje.
O vinho surgiu antes mesmo da escrita, então teve pelo menos 5 mil anos para chegar ao estado atual. O princípio sempre foi, grosso modo, o mesmo: A glicose das frutas é quebrada em etanol e gás carbônico por meio de um processo químico feito por microorganismos, as leveduras. Inclusive, acredita-se que o vinho tenha surgido por acidente, depois que algumas uvas amassadas foram esquecidas e passaram espontaneamente por esse processo.
Acontece que a química não para por aí. Quando o etanol fica muito tempo em contato com o ar, ele oxida e vira ácido acético, que você provavelmente conhece como vinagre. Hoje, as garrafas de vinho são muito bem vedadas para que isso não aconteça, mas as ânforas da antiguidade, feitas de barro, eram porosas e deixavam o oxigênio entrar – além de não serem esterilizadas antes do envase, o que torna a contaminação inevitável.
Mesmo com um gosto detestável, os antigos não tinham lá muita opção. As poucas bebidas disponíveis na época eram leite e água – e, muitas vezes, os dois estavam cheios de bactérias e doenças. Querendo ou não, pelo menos o vinho tinha álcool, que atuava como um desinfetante.
Foi só no século 18 que o vinho passou a ser mais parecido com o que conhecemos hoje. O armazenamento em garrafas de vidro, sem contato com o oxigênio, foi essencial para preservar o sabor da bebida, além de melhorias nas técnicas de cultivo de uvas e de fabricação da bebida.
Fontes: Penn Museum, livro Inventing Wine: A New History of One of the World’s Most Ancient Pleasures.
Pergunta de @alvmariana_, via Instagram (ou Mariana Alve Santos, Irecê, BA).
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