sexta-feira, 29 de maio de 2020

Após adiamento, missão tripulada da Nasa com SpaceX deve ocorrer sábado (30)

O mundo inteiro esqueceu do coronavírus por algumas horas da última quarta (29), durante os preparativos para um acontecimento histórico: para as 17h33 daquele dia, no horário de Brasília, estava marcado o lançamento da primeira missão da Nasa à bordo de um foguete projetado e fabricado pela iniciativa privada – O Falcon 9, da SpaceX de Elon Musk. Infelizmente, o céu fechou e o lançamento foi adiado.

O mau tempo foi passageiro, mas não é possível atrasar 10 ou 20 minutinhos quando o assunto é uma viagem à órbita da Terra – qualquer atraso, por mais insignificante que pareça, é suficiente para tirar a cápsula Crew Dragon da rota necessária para ancorar na Estação Espacial Internacional (ISS), destino dos astronautas Robert Behnken, 49 anos, e Douglas Hurley, 53. 

O lançamento foi remarcado para este sábado (30), às 16h22 no horário de Brasília. Nesta sexta, pela manhã, a 45a Ala Espacial da Força Espacial americana (USSF), responsável por operar a base de Cabo Canaveral, na Flórida, informou que há 50% de chance do tempo colaborar. Caso ainda haja nuvens demais, há uma chance ligeiramente maior de conseguir um céu de brigadeiro no domingo (31), pontualmente às 15h00.

É preciso monitorar não apenas a Flórida mas uma grande faixa de oceano do Atlântico Norte, que corresponde à área onde os astronautas poderiam cair se precisassem ejetar na eventualidade de um acidente. É importante garantir que embarcações e aeronaves de resgate sejam capazes de alcançá-los sem encarar um mar revolto ou nuvens de chuva caso algo dê errado.

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Até 2011, a Nasa supria a ISS usando os ônibus espaciais – que decolavam na vertical, com o auxílio de um foguete, mas depois reentravam na atmosfera da Terra e pousavam planando, como um avião com os motores desligados. Quando essa tecnologia foi aposentada, eles passaram a depender da Soyuz russa. É uma nave antiga e confiável, com 153 missões no currículo – registrou apenas um acidente fatal desde 1967, data de sua estreia. 

Cada astronauta enviado para treinamento na Rússia sai US$ 86 milhões para a Nasa – além do período de adaptação ao hardware soviético, eles precisam decolar da base de Baikonur, construída no Cazaquistão na época em que o país era parte da USSR. Sai caro, mas não tanto quanto um lançamento da Artemis – o foguete mais moderno construído pela Nasa, que sequer está pronto para operar, custaria algo entre US$ 500 milhões e US$ 900 milhões por lançamento. 

O Falcon 9 de Elon Musk resolve dois problemas. O primeiro é tornar os EUA independentes da tecnologia russa – algo útil já que a relação entre os dois países azedou ligeiramente desde a troca de afagos no pós-Guerra Fria, quando a construção da ISS marcou uma era de cooperação. O segundo é uma missão de Falcon 9 sai por “só” US$ 90 milhões, um décimo do custo projetado para a Artemis. De quebra, a SpaceX oferece algo que os russos não têm: o Falcon Heavy, um foguete mais parrudo capaz de chegar à Lua.

Nosso satélite natural, que não recebe humanos desde as últimas missões Apollo na década de 1970, voltou a ser cobiçado por Índia, China e os próprios EUA – uma história que você entende melhor nesta reportagem.


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