quarta-feira, 5 de junho de 2019

16,5% dos pais brasileiros têm receio de vacinar os filhos

Em 2019, o movimento antivacina foi listado como uma das ameaças à saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos EUA, país onde o próprio presidente já duvidou da eficácia das vacinas, a baixa taxa de vacinação está provocando surtos de doenças não vistas há décadas – em janeiro, o governo de Washington declarou estado de emergência por conta dos casos de sarampo, enfermidade que tinha sido erradicada do país há 20 anos.

No Brasil a situação é menos grave, mas ainda merece atenção. Nosso país sempre foi referência em vacinação pública. O último diagnóstico de poliomielite no Brasil aconteceu em 1990. A vitória contra o sarampo também estava a caminho. O Brasil até recebeu um certificado de “país livre do sarampo” da Organização Pan-americana da Saúde (Opas) em 2016.

Mas esses índices começam a entrar em perigo. No ano passado, a previsão era que 95% das crianças com menos de um anos de idade recebessem a vacina contra sarampo. Passou longe. O índice ficou entre 71% e 84%, dependendo da região.

O grande problema pode vir dos pais. “A gente acredita que, por esses pais não terem vivido uma época onde diversas doenças eram letais e deixavam sequelas permanentes, eles não consideram a vacinação contra elas tão importante. Acham que não tem problema não dar uma ou outra vacina, duvidam que as doenças sejam algo tão pesado quanto falam, e acabam deixando seus filhos expostos a problemas graves”, disse à SUPER o médico imunologista Marcelo Henrique Napimoga.

Marcelo coordenou um estudo recente sobre o assunto. Publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, a pesquisa mostra: 16,5% dos pais estavam relutantes em vacinar os filhos.

“Preocupa também que, dentre os pais mais jovens, com menos de 25 anos, esse índice ainda é maior: 23%”, diz Marcelo. Pior: 4,5% dos pais estão terminantemente convencidos de que jamais irão vacinar seus filhos.

O limite máximo aceitável para crianças não-vacinadas é de 5%. Quando a cobertura de vacinação contra uma doença fica em 95%, o natural é que a enfermidade deixe de existir, por pura falta de gente com o organismo aberto para contraí-la.

“Se levarmos em conta 4,5% simplesmente recusam vacinas e somar aos 16,5% que hesitam estamos com um índice extremamente alto.”, diz Marcelo.


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