Quando o assunto é gestão e inovação, a metodologia ágil está no topo das tendências.
Só se fala em projetos, culturas e modelos ágeis por todos os lados, das startups às grandes corporações.
E não é à toa.
Essa abordagem tem o poder de revolucionar a gestão e acelerar seus projetos, como nenhum método tradicional é capaz.
Se você ainda não entendeu o que são métodos ágeis, pense em um grupo de desenvolvedores que não aguentava mais os projetos demorados, clientes insatisfeitos e erros constantes em softwares.
Esse grupo deixou a gestão burocrática para trás e resolveu criar seus próprios sistemas de trabalho, muito mais rápidos, flexíveis e dinâmicos – como pede a tecnologia e o mundo competitivo.
Assim nasceu a metodologia ágil, que logo se espalhou para outras áreas além da TI, graças à sua eficiência.
O termo “ágil”, nesse caso, indica um estado de prontidão, com reações rápidas às mudanças e uma incrível capacidade de adaptação.
Quer saber o que isso significa e como implementar no seu negócio?
É só continuar a leitura e escolher seu método preferido.
O que são e por que usar metodologias ágeis?
Metodologia ágil é um conjunto de técnicas e práticas para gestão de projetos que oferece mais rapidez, eficiência e flexibilidade. Seu objetivo inicial era agilizar o desenvolvimento de softwares, mas esses métodos extrapolaram o setor de tecnologia e hoje revolucionam a gestão de empresas de todas as áreas.
Basicamente, a metodologia ágil torna os processos mais simples, dinâmicos e iterativos, da concepção da ideia até o produto final.
Entre suas principais características, destacam-se:
- Desenvolvimento incremental, ou seja, de melhoria contínua
- Cooperação entre equipe e cliente (ciclo de feedback constante)
- Entregas rápidas e de alta qualidade
- Flexibilidade de escopo do projeto
- Criação de valor progressiva e de acordo com as necessidades do cliente
- Adaptabilidade às mudanças e alto nível de inovação.
Você vai entender como é possível agrupar esses aspectos nos exemplos de métodos ágeis, sobre os quais trataremos ao longo do artigo.
Por enquanto, o importante é entender que essa metodologia é vantajosa porque acelera o gerenciamento de projetos e gera economia de tempo, dinheiro e esforços.
De acordo com a pesquisa PMI’s Pulse of the Profession 2018, realizada pelo Instituto PMI, 73% das organizações globais já utilizam os métodos ágeis para gerenciar seus projetos.
Inclusive, os projetos geridos com essa abordagem são 28% mais bem-sucedidos do que aqueles conduzidos pelos meios tradicionais, segundo o relatório Agile Project Delivery Confidence, lançado em 2017 pela PwC.
Mas vale lembrar que há vários tipos de metodologias ágeis, e você terá que descobrir quais funcionam melhor para o seu negócio.
As diferenças entre metodologias ágeis e tradicionais
As metodologias ágeis diferem das tradicionais em vários pontos, mas um dos principais é a velocidade do processo.
O que conhecemos como metodologia tradicional, ou metodologia cascata, é aquela sequência predefinida de etapas, como análise de requisitos, desenvolvimento, testes, produção e manutenção.
Nessa abordagem, os projetos são bastante demorados, e o princípio é prever quais serão os resultados na entrega final.
Já na metodologia ágil, o foco é adaptar ao invés de planejar.
Por isso, os projetos são divididos em pequenas entregas denominada iterações.
Cada iteração é um “miniprojeto”, ou seja, inclui todas as etapas citadas em um ciclo rápido e eficiente, que gera uma entrega parcial.
Assim, o cliente consegue ver resultados rapidamente e dar seu feedback durante todo o processo – daí a característica incremental do método.
Conforme os ciclos se repetem, o produto é aprimorado continuamente de modo experimental, podendo ser testado a cada funcionalidade.
Assim, os métodos ágeis permite que as equipes entreguem mais valor em menos tempo.
Como resultado, a versão final é muito mais completa e assertiva do que na metodologia tradicional.
Outra diferença fundamental é que, na metodologia ágil, projetos estão sempre abertos às mudanças, por mais impactantes que sejam.
Por outro lado, no método tradicional, procuramos minimizar as alterações para não comprometer o planejamento.
Por fim, a participação dos clientes e colaboradores no processo é mais um diferencial da cultura ágil.
Isso porque as entregas fragmentadas permitem que todos avaliem o progresso do produto ou serviço, evoluindo a criação em conjunto.
O Manifesto Ágil
A metodologia ágil foi criada por um grupo de desenvolvedores que se cansaram dos métodos tradicionais e suas etapas engessadas.
Então, em 2011, eles se reuniram para elaborar o Manifesto Ágil, uma declaração que contém os princípios do desenvolvimento ágil de software.
A ideia foi construída com base em quatro valores:
- Os indivíduos e suas iterações acima de procedimentos e ferramentas
- O funcionamento do software acima da documentação
- A colaboração com o cliente acima de negociação e contrato
- A capacidade de resposta a mudanças acima de um plano pré-estabelecido.
Fica claro que o importante é entregar um produto de qualidade e criar uma excelente experiência do usuário, mesmo que para isso seja preciso contornar alguns processos e mudar os planos várias vezes.
A partir desses critérios, os fundadores estabeleceram 12 princípios:
- Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente, por meio da entrega adiantada e contínua de um software de valor
- Aceitar mudanças de requisitos, mesmo no fim do desenvolvimento, pois os processos ágeis se adequam às necessidades do cliente
- Entregar uma versão do software funcionando com frequência, na escala de semanas até meses, com preferência para períodos mais curtos
- Profissionais de negócios e desenvolvedores devem trabalhar em conjunto e diariamente, durante todo o andamento do projeto
- Construir projetos ao redor de indivíduos motivados, oferecendo a eles o ambiente e suporte necessário, e confiar que farão seu trabalho
- O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para um time de desenvolvimento é uma conversa cara a cara
- Um software funcional é a medida primária de progresso
- Processos ágeis promovem um ambiente sustentável em que os patrocinadores, desenvolvedores e usuários são capazes de manter passos constantes
- Atenção contínua à excelência técnica e bom design para aumentar a agilidade
- Simplicidade em primeiro lugar, como a arte de otimizar o trabalho
- As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de times auto-organizáveis
- Em intervalos regulares, o time deve pensar em como aumentar sua efetividade e ajustar seu comportamento de acordo.
É fácil imaginar como esses princípios podem ser aplicados além do desenvolvimento de software, não é?
Se todos os projetos incorporassem esse foco no cliente e flexibilidade, os resultados seriam superiores em qualquer área de atuação, segmento e produto/serviço.
As 8 Principais Metodologias Ágeis
Para entender definitivamente a metodologia ágil, nada melhor do que conhecer os principais tipos existentes.
Confira alguns dos métodos mais utilizados no mercado.
Scrum
O Scrum é um dos métodos ágeis mais versáteis e complexos, que otimiza o gerenciamento dos mais diversos projetos.
Lançado em 1990, ele oferece uma dinâmica única para organizar equipes em torno de um objetivo comum, seja a criação de um software, produto ou serviço.
Antes de entender seu funcionamento, você precisa conhecer os seguintes termos:
- Product Owner (Dono do Produto): é o responsável por coordenar o time de desenvolvimento (ou time Scrum) e gerenciar o Backlog do produto
- Time de desenvolvimento: é a equipe multidisciplinar e auto-organizada envolvida no projeto
- Backlog: é o conjunto de funcionalidades do produto a ser desenvolvido, que vão mudando conforme o projeto avança
- Sprint: é a iteração do Scrum, ou seja, cada ciclo rápido de trabalho que gera uma entrega parcial em intervalos de semanas ou meses. Cada projeto contém vários Sprints sequenciais, que possuem seus próprios Sprint Backlogs (conjuntos de funcionalidades por etapa)
- Scrum Master: é o facilitador do método, responsável por garantir que todos entendam e apliquem o Scrum corretamente.
Logo, você tem um Product Owner que gerencia um time Scrum para alcançar os melhores resultados a cada Sprint, avançando até completar o Backlog do produto.
Durante esse processo, há várias reuniões (diárias, semanais e mensais) e regras a serem cumpridas para que o Scrum funcione.
O objetivo é garantir a entrega de valor e máxima qualidade do início ao fim do projeto, renegociando o escopo conforme necessário.
Kanban
O Kanban é a metodologia ágil mais antiga, inspirada nos métodos dos japoneses para organizar o fluxo de trabalho nas fábricas.
Nos anos 1960, a Toyota desenvolveu o sistema Kanban, que consistia basicamente no uso de cartões de sinalização para representar o status dos produtos e ajudar a sincronizar o estoque com a produção.
Hoje, nós replicamos esse sistema nos famosos quadros com post-its, ou em plataformas como o Trello, que oferecem uma visão geral do andamento das tarefas na empresa.
A ideia é criar um método simples e visual para que todos compreendam e acompanhem as tarefas, projetos e responsabilidades da equipe.
Geralmente, as funções são distribuídas em três categorias: pendente, em andamento e concluído.
Desse modo, os gestores conseguem priorizar o que é mais importante e os colaboradores não ficam sobrecarregados, pois fica claro o limite de tarefas para cada um e os prazos acordados.
eXtreme Programming (XP)
O eXtreme Programming, ou XP, é uma metodologia ágil voltada à engenharia de software que se parece bastante com Scrum.
Enquanto o Scrum se foca nas práticas de gestão, o XP está mais ligado às funções técnicas.
Basicamente, o objetivo do método é levar as boas práticas de desenvolvimento de software ao extremo, a partir dos critérios:
- Testar, revisar e projetar continuamente
- Integrar o tempo todo
- Desenvolver as soluções com o máximo de simplicidade
- Realizar iterações realmente curtas.
Logo, o XP propõe ciclos curtos que reduzem as incertezas e riscos do produto, adotando a melhoria constante de códigos, testes automatizados e integração contínua.
Outra característica essencial do método é o feedback constante do cliente, que acompanha o processo do início ao fim e pode solicitar quantas mudanças desejar.
Inclusive, é possível combinar o Scrum com o XP para chegar a uma metodologia de desenvolvimento altamente eficiente.
Lean
A metodologia lean vem do conceito de Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta), originário do Sistema Toyota de Produção.
Essa filosofia de gestão foi criada após a Segunda Guerra Mundial e tinha como objetivo reduzir os desperdícios de tempo, dinheiro e recursos na indústria.
Já em 2011, o empreendedor do Vale do Silício Eric Ries resgatou o termo para criar a startup enxuta, que segue os mesmos princípios das fábricas japonesas para “enxugar” processos.
Basicamente, o propósito é gerenciar o negócio de forma mais rápida, mais barata e melhor, alocando somente os recursos necessários para cada projeto e ciclo iterativo.
Para isso, a metodologia lean abrange ferramentas como o Business Canvas Model, Growth hacking e Customer Development, que simplificam e agilizam as estratégias do negócio.
O método também pode ser combinado ao Scrum e Kanban, por exemplo, formando um kit completo para uma gestão inovadora.
Dynamic Systems Development Methodology (DSDM)
O Dynamic Systems Development Methodology (DSDM), ou Metodologia de desenvolvimento de sistemas dinâmicos, é um método ágil criado em 1990 na indústria de TI.
Trata-se de um framework usado para desenvolver softwares com participação contínua do usuário, em um modelo iterativo e incremental.
Em resumo, o DSDM possui três fases:
- Pré-projeto: fase de identificação de projetos e definição de orçamento, com controle rigoroso de recursos
- Projeto: o projeto é iniciado com estudos de viabilidade, tanto do ponto de vista funcional como do econômico. Nas iterações, são criados protótipos incrementais para demonstrar as funcionalidade ao cliente, em ciclos de feedback, até chegar ao implemento final
- Pós-projeto: na fase final, são realizadas as manutenções e ajustes, retomando fases anteriores, se necessário.
Feature Driven Development
O Feature Driven Development, ou FDD, é um método ágil criado no final dos anos 1990, pelo estrategista de TI Jeff de Luca, em Singapura.
Foi a metodologia que introduziu a ideia de desenvolvimento a partir das funcionalidades, contendo cinco processos básicos:
- Desenvolvimento de um modelo abrangente
- Construção de uma lista de funcionalidades
- Planejamento por funcionalidade
- Detalhe por funcionalidade
- Construção por funcionalidade.
É possível combinar o FDD com o Scrum aplicando o método de funcionalidades em cada Sprint Backlog, de modo a planejar melhor as tarefas em cada ciclo.
Adaptive Software Development (ASD)
O Adaptive Software Development (ASD), ou Desenvolvimento de Software Adaptativo, [é um método ágil formulado especialmente para projetos mais complexos.
Assim como as outras metodologias, é baseado nos ciclos iterativos e incrementais e na presença constante do cliente durante o processo.
Para aplicar o ASD, é preciso seguir seus seis princípios:
- Orientado a missões: cada iteração será justificada por uma missão, que pode mudar ao longo do projeto
- Baseado em componentes: o software será desenvolvido em pequenas partes
- Iterativo: as iterações devem evoluir até a implementação satisfatória
- Prazos Pré-fixados: os prazos devem ser tangíveis, fixos e realistas
- Tolerância a mudanças: as mudanças são frequentes e bem-vindas
- Orientado a riscos: os itens de alto risco são desenvolvidos primeiro.
Scaled Agile Framework (SAFe)
O Scaled Agile Framework (SAFe) é uma metodologia ágil baseada nos princípios lean, criada por Dean Leffingwell, um dos maiores especialistas em cultura ágil do mundo.
Em síntese, o método utiliza as mesmas funções do Scrum e XP, mas utiliza um diagrama conhecido como “The Big Picture”, que reúne todos os processos, fluxos e atividades da empresa.
No SAFe, os projetos são divididos em três categorias principais: portfolio (gerencial), program (estratégico) e team (operacional).
Dessa forma, as grandes corporações conseguem aplicar os métodos ágeis a partir de um framework pensado em nível organizacional, para uma implementação gradual.
Metodologias ágeis além da TI
Como você pôde notar, as metodologias ágeis ultrapassaram os limites da TI e ganharam o mundo da gestão em empresas de todos os portes e segmentos.
Muito além do desenvolvimento de software, esses métodos podem ser aplicados a qualquer processo de criação de produtos e serviços, especialmente para empreendedores.
Suas vantagens vão desde a economia de tempo e recursos até o aumento no engajamento das equipes, que se integram mais facilmente e cooperam entre si.
E, claro, a satisfação do cliente é garantida com o envolvimento em todas as iterações, com testes contínuos e aprimoramento do produto a cada ciclo.
Além disso, as empresas que adotam a metodologia ágil ficam prontas para reagir às mudanças rapidamente e fazer da inovação uma rotina.
A partir do momento que a cultura da organização se torna ágil, a melhoria contínua passa a integrar o pensamento de todos e guiar o crescimento do negócio.
Conclusão
Deu para entender melhor o que é a metodologia ágil?
De início, o conceito não é muito claro, mas logo você descobre que os métodos ágeis existem para simplificar e acelerar, por mais que pareçam complexos.
Na prática, você vai perceber como eles são fáceis de adotar e começam a funcionar automaticamente, se integrados à cultura da empresa.
Basta que todos estejam dispostos a adotar esse novo paradigma da gestão, que certamente levará a resultados inéditos.
Por experiência própria, aconselho a escolher com cuidado e implementar os métodos gradualmente, oferecendo todo o apoio e motivação às equipes.
E, então, qual seu veredito sobre a metodologia ágil?
Como você pretende usar esses métodos para agilizar sua gestão?
Estou curioso para ler seu comentário e seus insights sobre o tema.
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