Um grupo de biólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estimou o quão maior era a população nativa no Brasil na região Sul antes da chegada dos portugueses. O modelo criado pelos cientistas partiu da análise do DNA mitocondrial – que é transmitido apenas pela mãe – de dois grupos diferentes de voluntários: um composto de mais de 300 habitantes indígenas atuais da região Sul brasileira e do Uruguai, e o outro, com tamanho similar, da população geral, miscigenada mas sem descendência direta dos nativos.
A ideia era verificar quanto do DNA mitocondrial nos dois grupos foi herdado de mulheres nativas que viveram na região pré-colonização. Para fazer isso, os cientistas analisaram a diversidade genética presente no DNA nativo que perdura nos nossos organismos até hoje. Isso ajuda a dar uma ideia de quantas mulheres precisariam ter vivido naquela época para que seu material genético chegasse até aqui. “Cerca de 30% da população urbana brasileira possui DNA mitocondrial nativo”, conta o geneticista Nelson Fagundes, um dos participantes do estudo.
O DNA nativo encontrado na população em geral, inclusive, era mais variado do que aquele detectado apenas nos grupos indígenas. Faz sentido que a população miscigenada carregue muito DNA mitocondrial nativo – afinal, os colonizadores eram em sua maioria homens europeus, e muitos deles tiveram filhos com mulheres que já habitavam a região quando eles chegaram. “É por isso que o DNA da mitocôndria é tão valioso para estudar a demografia antes da colonização”, completa Fagundes.
Os cálculos dos pesquisadores indicam que, há 500 anos, a variabilidade genética na região Sul era 300 vezes maior que a encontrada nos grupos nativos atuais. De acordo com o cálculo da pesquisa, 99,7% das pessoas que viveram naquela época não deixaram linhas de descendência que sobreviveram até hoje.
Só resta 0,33% da população nativa no Sul do Brasil Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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