O preocupante crescimento dos casos de sífilis no país, que afeta cerca de 160 mil pessoas por ano, torna premente realizar campanhas de conscientização e ações preventivas. Os brasileiros, em especial os jovens, precisam entender a gravidade dessa infecção sexualmente transmissível (IST), inclusive para o coração.
É isso mesmo: além dos problemas intrínsecos da doença, pode haver sério comprometimento cardíaco. A infecção, causada pela bactéria Treponema pallidum, também tem potencial para desencadear condições como aneurismas, inflamações e danos às válvulas e artérias do coração, incluindo a aorta.
Tal agravamento ocorre quando a enfermidade não é diagnosticada ou remediada corretamente. A chamada sífilis cardiovascular exige tratamento urgente e eficaz, antes que provoque alterações mais graves.
Todos devem saber que o primeiro sintoma após o contágio é uma ferida que aparece principalmente nos órgãos sexuais. Nesses casos, o médico precisa ser procurado de imediato. Porém, com ou sem remédios, a lesão desaparece.
Se o indivíduo não receber tratamento, seis semanas depois começam a surgir manchas no corpo e pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas. De novo, os sintomas somem por si sós, o que faz muita gente pensar que sarou.
Ledo engano. A partir de dois ou mais anos da infecção, vem a sífilis terciária, com lesões cutâneas, ósseas, neurológicas e, claro, cardiovasculares. O quadro às vezes é letal.
A forma mais eficiente de evitar tudo isso é a prevenção, com o uso de preservativos nas relações sexuais. Se reparar qualquer sintoma, procure um médico com urgência. O tratamento é feito com antibióticos e tem bons resultados, desde que realizado corretamente.
O avanço da sífilis no Brasil evidencia um descuido da população quanto às infecções sexualmente transmissíveis. Tal negligência pode provocar o aumento de outras enfermidades, como aids, gonorreia e hepatite.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2018 foram notificados 158 051 casos de sífilis adquirida (passada de uma pessoa para a outra durante o sexo), uma incidência 28,3% maior em relação a 2017, quando foram reportados 119 800 episódios. Precisamos combater essa epidemia!
*José Francisco Kerr Saraiva é médico e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)
Os riscos da sífilis cardiovascular Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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