Falar da saúde do homem como se fala hoje não era tão simples há alguns anos. Por muito tempo, a ideia de “se cuidar” esteve relacionada a uma questão prioritariamente feminina. Muito disso se deve à cultura paternalista, que por tantos anos reforçou que o papel do homem é o de provedor, enquanto o da mulher é o de zelar pela casa e pela família.
Esse cenário, felizmente, vem mudando em nosso país e no mundo. Mesmo assim, alguns homens ainda relegam as questões de saúde a um segundo plano, ou delegam a tarefa para mães, esposas e companheiras. De acordo com a pesquisa Um Novo Olhar para a Saúde do Homem, realizada no segundo semestre de 2019 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) em parceria com VEJA SAÚDE, entre os 2 405 brasileiros entrevistados, apenas 33% disseram ir ao médico para consulta de rotina uma vez ao ano e 26% afirmaram que só o fazem quando se sentem mal.
A falta de informação e, em alguns casos, o preconceito são algumas das razões que levam os homens a deixarem de lado visitas e procedimentos simples, rápidos, indolores e fundamentais para identificar doenças como o câncer de próstata, de pênis e testículos em estágio inicial.
O movimento Novembro Azul, criado pelo LAL, nasceu para alertar a população, principalmente os homens, sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, que, se descoberto no início, chega a ter mais de 95% de chances de cura. Hoje, além do alerta para a doença, a campanha chama a atenção para a necessidade de os homens assumirem o protagonismo da própria saúde. Este ano, tão impactado pela pandemia, a campanha traz a chamada “Seja Homem: Se Cuide!”
A provocação é direcionada principalmente àqueles que cresceram com base na ideia ultrapassada de que “homem de verdade não chora” e “homem tem de ser forte”. A mensagem de 2020 é justamente estimulá-los a buscar cuidados e mostrar que eles são livres para demonstrar suas dores e emoções.
O foco está na saúde integral do homem. É preciso ir além do físico e ter atenção também para o emocional. A pesquisa do LAL e de VEJA SAÚDE mostrou que os homens estão emocionalmente fragilizados: 63% sentem ansiedade, 46% sofrem com tristeza e 23% de depressão. A busca de ajuda nesse contexto é também uma barreira para eles.
Para que o cenário da saúde no país melhore, é preciso que as pessoas entendam a importância de prevenir doenças, incorporar hábitos saudáveis como ter uma boa alimentação, não fumar, praticar atividade física e realizar acompanhamento médico regularmente, seja no sistema público seja no privado.
O acesso à informação tem contribuído para diminuir a dificuldade e o preconceito com a busca de tratamentos físicos e emocionais por parte dos homens. Esse é o melhor caminho para que anualmente milhares de vidas sejam preservadas. E esse é o foco do movimento Novembro Azul!
* Marlene Oliveira é fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, criador do movimento Novembro Azul
No Novembro Azul, seja homem e se cuide! Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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