O que é a fibromialgia
É uma síndrome caracterizada principalmente por dor crônica e generalizada no corpo que dura pelo menos três meses. Esses desconfortos podem surgir sem motivo aparente, ou serem uma reação exagerada a algum acontecimento.
“E há outros sintomas de fibromialgia que são importantes: fadiga, sono não restaurador e distúrbios cognitivos como esquecimento, falta de atenção e dificuldade de concentração”, completa o reumatologista José Eduardo Martinez, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
Causas da fibromialgia
Ainda não foi encontrada uma razão específica para o desenvolvimento da fibromialgia. O que existe até o momento são hipóteses.
“Ela é mais comum entre familiares. Então deve haver uma predisposição genética. Porém, nunca foi encontrado um gene específico ligado à doença”, relata Martinez.
Além disso, a síndrome costuma aparecer em quem sofre de estresse crônico ou passou por situações graves de trauma físico, ou psicológico. “Essas condições liberam hormônios específicos, que geram um desequilíbrio na forma como os indivíduos sentem dor. Eles se tornam mais sensíveis a ela”, explica o reumatologista.
Apesar de não haver uma resposta exata sobre a causa da fibromialgia, sabe-se que ela não é uma doença autoimune nem inflamatória. O mecanismo de desenvolvimento da dor é diferente.
Fatores de risco
A fibromialgia é mais frequente nas mulheres, na faixa etária dos 30 a 50 anos.
“Mas ela pode aparecer em qualquer idade. A prevalência varia de 2,5% a 6% da população mundial”, informa Martinez. Não é pouca gente.
E, como dissemos, estresse e traumas também favorecem o quadro.
Principais pontos de dor da fibromialgia
Martinez explica que os portadores manifestam incômodos fortes em situações que pessoas sem a doença não sentiriam. Exemplo: um leve aperto no pulso poderia disparar dores.
É desse fato, aliás, que nasceu o conceito de “pontos de dor”, criado pelo Colégio Americano de Reumatologia. Seriam locais específicos do corpo em que o paciente com fibromialgia tenderia a sentir mais desconforto.
“Inicialmente, a entidade propôs isso para facilitar os estudos científicos. Além de detectar a dor generalizada, iríamos contar esses pontos nos pacientes na hora de fazer pesquisas”, afirma Martinez.
A ideia original era usar a metodologia somente para fins científicos, de modo a entender melhor a fibromialgia. Mas não para definir o quadro ou sua evolução no dia a dia, como acabou acontecendo em muitos casos. “Tanto que, posteriormente, o Colégio Americano de Reumatologia modificou esses critérios. Hoje, não se conta mais os pontos dolorosos. A gente se concentra no que a pessoa sente”, arremata o profissional da SBR.
Como funciona o diagnóstico
Ele é essencialmente clínico, feito pelo reumatologista a partir do relato e do histórico do paciente. Não existem exames para detectar a fibromialgia.
“No entanto, há outras enfermidades que provocam dor no corpo. Por isso, acabamos pedindo testes para fazer o que chamamos de diagnóstico diferencial”, pontua Martinez.
É uma espécie de processo de eliminação: o profissional de saúde vai fazendo exames para descartar outras possíveis causas que explicariam as dores, o cansaço, o esquecimento… Conforme essas possibilidades vão se esgotando, o diagnóstico da fibromialgia fica mais claro.
Os testes também são usados para investigar outras condições que não raro aparecem com a fibromialgia. O jeito é conversar com o médico.
Fibromialgia tem cura? Conheça o tratamento
Como qualquer enfermidade crônica, não há cura para a fibromialgia, apenas tratamento para controlar os sintomas. Martinez conta que, nesse caso, ele é dividido entre medidas farmacológicas e não-farmacológicas.
“Nesse último grupo, incluímos educação em saúde, exercícios físicos de qualquer modalidade com acompanhamento médico e, a curto e médio prazo, acupuntura”, lista o reumatologista.
Por causa da sobrecarga emocional vivida por esses pacientes, psicólogos ou psiquiatras integram o tratamento. “Terapia cognitivo-comportamental, mindfulness e psicoterapia são as principais ferramentas nesse processo”, complementa o especialista.
Já os remédios para fibromialgia têm a função de modular a dor. Eles estimulam mecanismos naturais de analgesia ou diminuem a chegada das mensagens dolorosas no cérebro.
“Normalmente, são medicamentos também usados para outras doenças, como antidepressivos e anticonvulsivantes”, informa Martineza. Parte deles — especialmente os que possuem a indicação para fibromialgia na bula — não estão disponíveis na rede pública.
É bom frisar que o tratamento é individualizado e varia de pessoa para pessoa. E mais: a ingestão de analgésicos sem prescrição muitas vezes só piora o quadro.
Infelizmente, nem sempre o paciente adere à terapia. “Às duas maiores razões são os efeitos adversos ou o fato de não se perceber uma melhora imediata”, lamenta Martinez. Isso é observado tanto com as drogas como na prática dos exercícios físicos.
Quais são as complicações da Fibromialgia
A grande complicação da fibromialgia por falta de conhecimento e tratamento adequado é o impacto na qualidade de vida. Não é raro que os portadores sofram de depressão e ansiedade.
“Uma das maiores queixas deles é a falta de apoio da família e de reconhecimento que a dor existe. Isso só agrava o problema”, alerta o profissional.
Fora isso, quando a síndrome não é tratada, ela pode bagunçar a memória e o raciocínio.
Dá para prevenir?
“A única forma que enxergo é manter uma vida saudável. E isso é válido para tantas outras doenças”, finaliza Martinez.
Fibromialgia: o que é, sintomas, diagnósticos e tratamentos Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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