A meditação se consagrou em boa parte do Ocidente como uma prática cientificamente embasada há um bom tempo e, hoje em dia, já se sabe que não se trata de algo místico ou apenas religioso. Mas o interesse por esse tema ainda é relativamente novo no Brasil. E, como algo novo, é natural que as pessoas ainda estejam compreendendo e tendo dúvidas sobre o assunto.
Nesse processo de popularização da meditação, que é muito positivo, podemos observar uma tendência: a ideia de que a meditação é uma solução rápida e prática para todos os males modernos. “Estresse? Ansiedade? Depressão? Vá meditar”, como se fosse uma pílula mágica capaz de operar milagres. Mas não é bem assim, e vou explicar o porquê baseado em duas linhas de argumentação.
Primeiro, nós queremos coisas “rápidas e práticas”, só que a meditação não é macarrão instantâneo. Posso garantir que não é possível obter os melhores resultados só com práticas de três minutos ao dia. Embora a meditação seja realmente acessível a todas as pessoas, pois não requer qualquer conhecimento ou experiência prévia, o processo de transformação não é algo tão simples.
Pode ser que isso aconteça muito rápido para algumas pessoas, mas, via de regra, as transformações verdadeiras, que são aquelas que perduram e integram a sua forma de ser (não apenas o “oba, oba!”), ocorrem com o tempo. E isso exige disciplina, comprometimento e clareza sobre a sua motivação para empreender a jornada.
O segundo ponto é que a meditação vai ajudar você a lidar com o estresse e a ansiedade, mas esse efeito é só o começo. Precisamos parar de subestimar os benefícios dessa prática. Se você começar a meditar, e a ciência corrobora isso, rapidamente vai sentir repercussões positivas. É fato! Nas turmas que acompanho com meditadores brasileiros, por exemplo, depois de oito semanas os alunos relatam um índice de 65% na melhoria de fatores como mais presença, alegria e capacidade de autorregulação.
Mas você pode ir muito além. Começar a meditar pensando em se livrar do estresse é como ser um peixe que se contenta em nadar em um aquário em vez de ser livre no oceano. Tenho certeza de que qualquer peixe seria mais feliz com um oceano a seu dispor. Acontece que ele precisa saber que essa possibilidade não só existe como está totalmente ao seu alcance.
Para entender essas duas questões, é importante enxergar a meditação com a seriedade que ela merece. Ou seja, como uma prática que exige um processo gradativo e progressivo e que se desenvolve com uma metodologia que lhe garanta essa evolução. Sem método, dificilmente haverá uma verdadeira expansão da consciência e, sem essa expansão, dificilmente as primeiras mudanças positivas conquistadas serão sustentáveis.
Lembre-se: não se contente com o aquário. Você pode ter todo o oceano.
* Fernando Gabas é especialista em meditação, expansão da consciência e criador do Protocolo de Meditação Life Matters
Precisamos parar de subestimar a meditação Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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