Noticiamos aqui na SUPER que, pela primeira vez em mais de 400 anos, uma supernova pode estar em vias de acontecer nas nossas redondezas galácticas. Betelgeuse, a gigante vermelha que fica no ombro direito da constelação de Órion, apresenta indícios de que pode explodir a qualquer momento. Para nossa sorte, ela está a uma distância segura de 700 anos-luz — caso contrário, poderíamos acabar virando churrasquinho pela radiação.
Tais explosões chamadas de supernovas são eventos astronômicos raros: em média dá para contar nos dedos de uma mão quantas delas ocorrem em um milênio. Mas é plausível que em um futuro distante uma vizinha mais “gordinha” do Sol chegue ao explosivo fim da vida das estrelas gigantes. E aí estaríamos fritos, literalmente.
Em casos como esses, de emergência cósmica, se a humanidade estiver viva até lá, será preciso ter na manga um belo plano de fuga. E se, em vez de colocar todo mundo em um monte de espaçonaves apertadas, transformássemos o próprio Sistema Solar em uma nave espacial de dimensões descomunais? Pode parecer delírio, mas acredite: talvez seja o melhor jeito de nos deslocarmos pela vastidão do meio interestelar da Via Láctea.
O primeiro a pensar em uma megaestrutura capaz de mover o Sol e tudo que o orbita foi o físico russo Leonid Shkadov. Em 1987, ele apresentou o conceito de um propulsor que nada mais é do que um gigante espelho côncavo posicionado perto do Sol para refletir os fótons emitidos e, assim, acelerá-lo na direção oposta. É uma ideia intrigante, mas que tem suas limitações.
Com a técnica levaríamos 230 milhões de anos para percorrer 100 anos-luz. Neste passo de tartaruga, não haveria como fugir de nenhuma supernova próxima. Só que essa não é a única forma de transformar o Sistema Solar em uma nave espacial. O astrofísico Matthew Caplan, da Universidade Estadual de Illinois, publicou recentemente um artigo no periódico Acta Astronautica em que descreve um novo e mais arrojado design para o motor estelar.
Batizado de Propulsor de Caplan, ele usa o hidrogênio e o hélio do próprio Sol para empurrá-lo para frente a uma velocidade maior — 50 anos-luz a cada 1 milhão de anos. Cosmicamente, é pouco. Nesse pique, alcançaríamos o sistema estelar mais próximo, o de Alpha Centauri, em 90 mil anos. Parece muito. É muito. Mas há uma vantagem inegável: seria uma viagem de “motorhome”, já que levaríamos junto a Terra, o Sol, as praias… Ninguém nem precisaria fazer as malas
A coisa funcionaria assim: campos eletromagnéticos trazem fluxos de plasma solar para dentro da máquina. O hélio é usado como combustível em um reator de fusão nuclear, que produz um jato de oxigênio radioativo aquecido a um bilhão de graus e gera a aceleração.
Já o hidrogênio serve para dar estabilidade. Para evitar que o motor “caia” no Sol por conta da gravidade, um segundo jato, de hidrogênio, é lançado à estrela, para manter o dispositivo afastado dela. O mecanismo precisa de uma outra megaestrutura espacial para funcionar: a chamada Esfera de Dyson. Só o vento solar não dá conta de fornecer toda a energia necessária, então a esfera reflete luz solar a um único ponto do Sol para aquecê-lo mais.
Com uma pequena região da superfície solar mais quente que de costume, dá para extrair o combustível e fazer o Sol se locomover como bem quisermos pela Via Láctea ( vídeo acima dá uma ideia melhor de como a coisa funcionaria, sem torrar a Terra e os outros planetas). Grosso modo, o Propulsor de Caplan funciona como um rebocador. Claro que tudo isso é futurologia brava. Mas, até outro dia, foguetes tripulados também eram.
Astrofísico imagina megaestrutura capaz de transformar todo o Sistema Solar numa nave espacial Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
Nenhum comentário:
Postar um comentário