segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Astrofísico imagina megaestrutura capaz de transformar todo o Sistema Solar numa nave espacial

 

 

Noticiamos aqui na SUPER que, pela primeira vez em mais de 400 anos, uma supernova pode estar em vias de acontecer nas nossas redondezas galácticas. Betelgeuse, a gigante vermelha que fica no ombro direito da constelação de Órion, apresenta indícios de que pode explodir a qualquer momento. Para nossa sorte, ela está a uma distância segura de 700 anos-luz — caso contrário, poderíamos acabar virando churrasquinho pela radiação.

Tais explosões chamadas de supernovas são eventos astronômicos raros: em média dá para contar nos dedos de uma mão quantas delas ocorrem em um milênio. Mas é plausível que em um futuro distante uma vizinha mais “gordinha” do Sol chegue ao explosivo fim da vida das estrelas gigantes. E aí estaríamos fritos, literalmente.

Em casos como esses, de emergência cósmica, se a humanidade estiver viva até lá, será preciso ter na manga um belo plano de fuga. E se, em vez de colocar todo mundo em um monte de espaçonaves apertadas, transformássemos o próprio Sistema Solar em uma nave espacial de dimensões descomunais? Pode parecer delírio, mas acredite: talvez seja o melhor jeito de nos deslocarmos pela vastidão do meio interestelar da Via Láctea.

O primeiro a pensar em uma megaestrutura capaz de mover o Sol e tudo que o orbita foi o físico russo Leonid Shkadov. Em 1987, ele apresentou o conceito de um propulsor que nada mais é do que um gigante espelho côncavo posicionado perto do Sol para refletir os fótons emitidos e, assim, acelerá-lo na direção oposta. É uma ideia intrigante, mas que tem suas limitações.

Com a técnica levaríamos 230 milhões de anos para percorrer 100 anos-luz. Neste passo de tartaruga, não haveria como fugir de nenhuma supernova próxima. Só que essa não é a única forma de transformar o Sistema Solar em uma nave espacial. O astrofísico Matthew Caplan, da Universidade Estadual de Illinois, publicou recentemente um artigo no periódico Acta Astronautica em que descreve um novo e mais arrojado design para o motor estelar.

Batizado de Propulsor de Caplan, ele usa o hidrogênio e o hélio do próprio Sol para empurrá-lo para frente a uma velocidade maior — 50 anos-luz a cada 1 milhão de anos. Cosmicamente, é pouco. Nesse pique, alcançaríamos o sistema estelar mais próximo, o de Alpha Centauri, em 90 mil anos. Parece muito. É muito. Mas há uma vantagem inegável: seria uma viagem de “motorhome”, já que levaríamos junto a Terra, o Sol, as praias… Ninguém nem precisaria fazer as malas 😉 

A coisa funcionaria assim: campos eletromagnéticos trazem fluxos de plasma solar para dentro da máquina. O hélio é usado como combustível em um reator de fusão nuclear, que produz um jato de oxigênio radioativo aquecido a um bilhão de graus e gera a aceleração. 

Já o hidrogênio serve para dar estabilidade. Para evitar que o motor “caia” no Sol por conta da gravidade, um segundo jato, de hidrogênio, é lançado à estrela, para manter o dispositivo afastado dela. O mecanismo precisa de uma outra megaestrutura espacial para funcionar: a chamada Esfera de Dyson. Só o vento solar não dá conta de fornecer toda a energia necessária, então a esfera reflete luz solar a um único ponto do Sol para aquecê-lo mais. 

Com uma pequena região da superfície solar mais quente que de costume, dá para extrair o combustível e fazer o Sol se locomover como bem quisermos pela Via Láctea ( vídeo acima dá uma ideia melhor de como a coisa funcionaria, sem torrar a Terra e os outros planetas). Grosso modo, o Propulsor de Caplan funciona como um rebocador. Claro que tudo isso é futurologia brava. Mas, até outro dia, foguetes tripulados também eram.


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