quarta-feira, 16 de outubro de 2019

É vestindo este traje que a primeira mulher pode chegar à Lua em 2024

Eles estão eternizados no imaginário popular como maior distintivo da figura do astronauta. Sua aparência extravagante ajudou muito a cristalizá-los na mente das pessoas, disso não há dúvida. O traje espacial é absolutamente indispensável fora da Terra. Sem ele, um ser humano não consegue sobreviver aos rigores do espaço. A Nasa acaba de mostrar ao mundo suas novas roupas de astronautas — e elas são incríveis.

Em um evento realizado nesta terça (15) na sede da Nasa em Washington, especialistas da agência e o administrador Jim Bridenstine apresentaram os modelos de última geração que devem vestir a primeira mulher e o próximo homem a pisar na Lua. É um passo importante para viabilizar o programa Ártemis, sucessor da Apollo, que promete levar seres humanos de volta à superfície lunar em 2024. Os astronautas usarão os novos trajes espaciais.

São dois modelos: um laranja, mais leve e ideal para uso dentro das espaçonaves em momentos mais arriscados da missão, como na saída da Terra e no pouso na Lua; e outro branco, com detalhes em azul e vermelho e adaptado para fazer reparos no exterior das estações espaciais e, principalmente, para atividades em solo lunar. A Nasa não partiu do zero nesse trabalho: tem uma bagagem sólida de 60 anos na área.

O grosso da estrutura foi reaproveitado de trajes espaciais do passado, tanto da era Apollo, quanto dos ônibus espaciais e das atuais missões para a ISS. Mas a agência não poupou esforços em inovações para dar maior conforto e segurança a seus astronautas enquanto estiverem trabalhando e arriscando a própria pele a milhares de quilômetros de casa. No traje externo, o principal ganho foi para a mobilidade e flexibilidade dos movimentos.

Vídeos antigos dos anos 60 e 70 mostram bem como os tripulantes da Apollo penavam para caminhar na Lua com as roupas duras e pesadas. Para melhorar isso, a Nasa investiu em materiais avançados e mais maleáveis principalmente nas juntas como o joelho, nos quadris e nos ombros, para deixar os braços mais soltos. Até os pés dos membros do programa Ártemis vão doer menos. Suas botas terão estilo de trilha, com direito a sola mais mole.

Antes, os trajes espaciais da Nasa eram padronizados seguindo a lógica dos tamanhos das roupas normais que nós compramos: P, M ou G. Como cada corpo é único, a solução para o problema veio do departamento de “antropometria e biomecânica” da agência. Lá eles usam sensores para criar modelos 3D de cada membro e medida dos astronautas — assim dá para produzir as peças totalmente sob medida. A comunicação também foi melhorada.

O microfone no interior do capacete era meio desajeitado e nem sempre ficava na posição certa com a boca. Agora um sistema de captação bem mais sensível e abrangente foi embutido no próprio equipamento, facilitando a comunicação com companheiros de missão ao lado na Lua, dentro do Gateway, a estação espacial lunar que a Nasa quer construir, ou no centro de controle aqui na Terra. Esse traje foi batizado de xEMU.

Já a roupa laranja, chamada de OCSS, também tem algumas particularidades. Sua cor nada tem a ver com a seleção holandesa, mas tem uma razão de ser. Foi pensada para facilitar a identificação de astronautas no oceano, no caso de algum imprevisto durante o pouso. Muitas das melhorias nos materiais são parecidas. O traje alaranjado tem um foco muito grande em garantir a sobrevivência prolongada de quem o usa.

Seu sistema de suporte à vida permite que os tripulantes sobrevivam por seis dias à deriva no espaço, mesmo em caso de despressurização na cabine da cápsula Órion. Além disso, cada traje vem com objetos de emergência para sobreviver a um eventual pouso no oceano antes da equipe de resgate chegar. O kit inclui diversas luzes, refletores, espelhos e até um canivete. A primeira mulher a pisar na Lua estará elegante — e mais ágil do que nunca.

 


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