quinta-feira, 9 de maio de 2019

Mudanças climáticas dizimaram população da América do Sul, revela estudo

Arqueólogos ingleses acabam de revelar detalhes de um capítulo perdido da história sul-americana. Por meio de análises que conciliaram os dados demográficos de 1,4 mil sítios arqueológicos espalhados por todo o território a informações milenares sobre o clima, os pesquisadores conseguiram entender como mudanças climáticas ocorridas há milhares de anos acabaram influenciando os rumos dos primeiros habitantes do nosso continente. E notaram que, entre 6 mil e 8 mil anos atrás, houve um forte declínio populacional. Do norte dos Andes, passando pela Amazônia até o sul da Patagônia: o impacto foi sentido em toda parte.

“Arqueólogos trabalhando na América do Sul no geral já sabiam que, há uns 8,2 mil anos, sítios habitados em vários lugares do continente foram abandonados de repente”, afirmou em comunicado o autor principal da pesquisa, Philip Riris, do instituto de arqueologia da University College London. “Em nosso estudo, tentamos ligar os pontos.” Ele explica que níveis imprevisíveis de chuva particularmente nos trópicos foram bem negativos para os povos pré-colombianos até cerca de seis milênios atrás, quando a recuperação começou.

Ela veio ao mesmo tempo em que os nativos começaram seus primeiros experimentos com o cultivo e manejo de plantas tropicais. Para comunidades de caçadores-coletores que viviam unicamente das coisas que a natureza dava, com todos os altos e baixos envolvidos, a novidade trazia uma segurança sem precedentes. Novos hábitos culturais se formaram, criando populações mais bem adaptadas à terra e menos suscetíveis às mudanças climáticas.

A época estudada foi o holoceno médio, que se estendeu entre 8,2 mil e 4,2 mil anos atrás. Apesar do baque sofrido nesses tempos de transição, os autores concluíram que as sociedades sul-americanas prosperavam tanto antes quanto depois do declínio. É um indício de que os povos que já viviam por aqui há pelo menos 14 mil anos tinham criado alguma forma de memória social sobre como lidar com períodos de dificuldades climáticas experimentadas no passado — e desenvolveram estratégias de sobrevivência.

Entre elas, táticas como o abandono de certas regiões mais inóspitas e a capacidade de se adaptar rapidamente a novas circunstâncias. Para descobrir os índices pluviométricos do período, os pesquisadores usaram técnicas como a análise de sedimentos marinhos. Elas indicaram que as condições flutuantes produziam um ano atipicamente seco ou úmido a cada cinco anos. Normalmente, leva entre 16 e 20 anos para acontecer. “Isso dá uma perspectiva do desafio que as comunidades indígenas enfrentaram”, comenta Riris.


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