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Antes de ser lançado, todo novo medicamento passa por uma longa bateria de testes clínicos que determinam seus benefícios, efeitos colaterais e contraindicações. Afinal, é bem mais prudente fornecer a droga a dez ou cem pessoas sob observação do que colocá-la no mercado sem precaução alguma e arriscar a vida de incontáveis cidadãos.
Às vezes, temos a ilusão de que experimentos científicos são algo limitado à indústria farmacêutica e aos laboratórios universitários, e não percebemos que decisões que afetam nosso cotidiano e definem os rumos de uma cidade ou país podem (e devem) ser abordados sob a luz do método científico.
O rotina de um pesquisador consiste, grosso modo, em levantar uma hipótese e realizar experimentos para confirmá-la ou refutá-la. Por sua vez, chamamos de “teoria” um arcabouço que descreve e prevê fenômenos naturais com uma consistência e precisão notáveis. Perceba, então, que há uma diferença abissal entre os significados das palavras “hipótese” e “teoria”. Uma teoria é algo que explica um aspecto do Universo (seja a evolução da vida na Terra, seja a expansão do cosmos) com um grau de confiabilidade altíssimo; ela já foi verificada intensamente e não é uma mera suposição.
As interações humanas evidentemente são mais complexas e imprevisíveis que bactérias em uma placa de Petri ou a órbita de Marte. Mas, ao longo dos últimos 4 mil anos de civilização, povos e mais povos buscaram soluções para seus dilemas e preocupações, e conhecer os desfechos de soluções tomadas no passado é um bom jeito de pautar nossas decisões no presente.
Descriminalizar a maconha piora ou melhora o tráfico de drogas? Proibir o aborto evita que mulheres abortem ilegalmente? Deve-se oferecer homeopatia em hospitais públicos? A estatização dos meios de produção aumenta a qualidade de vida dos mais pobres? O porte de armas por civis tem uma influência positiva sobre os indicadores de segurança pública e o número de suicídios? Países democráticos têm IDHs mais altos que os autoritários? Perceba que boa parte do debate em torno das questões listadas acima se pauta por argumentos apaixonados e dogmas – e que pouquíssimos governantes e legisladores estão dispostos a basear políticas públicas em dados (o mais usual são pitacos sem embasamento algum).
Nosso pendor patológico à irracionalidade nos debates de interesse público é, evidentemente, só uma das facetas de algo maior. Nós acreditamos na existência de entidades sobrenaturais, encaixamos pessoas em estereótipos, damos um voto de confiança às fake news que chegam por WhatsApp e temos uma predisposição psicológica praticamente universal a ver padrões onde não existem… Sabe como é? “Todas as pessoas nascidas em dezembro são festeiras porque nasceram quando o Sol estava passando por um conjunto de estrelas que, da perspectiva de um terráqueo, forma um desenho ligeiramente parecido com o de um homem com corpo de cavalo.”
Em “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, o astrônomo Carl Sagan repassa as maneiras como o investimento em ciência e tecnologia melhoraram a qualidade de vida no século 20, desmonta as crenças de teóricos das conspiração, ufólogos e afins (ele não viveu para conhecer e combater os terraplanistas contemporâneos, infelizmente) e explica porque manter uma postura cética e questionadora é um jeito de encontrar soluções mais eficazes e menos custosas para os problemas que nos afligem. Leitura perfeita para tempos de obscurantismo.
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