quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Campo magnético regula regeneração de partes do corpo em vermes amputados

Um grupo de vermes achatados chamados planárias detém uma habilidade de fazer inveja ao ser humano: quando partes de seu corpo são amputadas, elas tornam a crescer graças à ação de células-tronco. Se você partir uma planária ao meio, vale dizer, em cerca de 15 dias terá duas planárias em mãos. Mesmo a metade do rabo é capaz de dar origem a uma nova cabeça. 

Esse fenômeno, por si só, é bizarro. Mas toda bizarrice pode melhorar. Cientistas de duas universidades, a do Oeste do Michigan e a do Colorado em Boulder, resolveram investigar se o magnetismo mudava alguma coisa na taxa de regeneração das planárias. E descobriram que sim.

Em um estudo publicado nesta quarta (30) na revista Science Advances, os pesquisadores apresentaram os resultados de uma série de experimentos que envolveram pobres planárias cortadas quase ao meio e uma câmara isolada de toda a interferência magnética externa.

Dentro da engenhoca, a equipe submeteu os pedaços de planária a campos magnéticos de diversas intensidades e observou o tempo de regeneração em cada cenário. Eles descobriram que o crescimento dos blastemas – conjuntos de células-tronco chamadas neoblastos que permitem a regeneração em planárias – ficava mais lento em campos entre 100 e 400 µT (microteslas). Acima de 500 µT, a regeneração se acelerava, como que estimulada pelo magnetismo. Para fins de comparação, o campo magnético da Terra, na superfície, varia entre 25 µT e 65 µT. Esse é o campo que move, por exemplo, a agulha de uma bússola. 

O objetivo da pesquisa era pôr à prova uma teoria da biologia que explica como campos magnéticos interferem nas moléculas que formam os corpos dos seres vivos. Em um processo que em inglês é chamado de radical pair recombination, o campo magnético altera uma propriedade dos elétrons chamada spin. Essa mudança no spin facilita a formação de RSOs, compostos químicos rebelados que contêm oxigênio e reagem feito doidos, interferindo na regeneração dos tecidos (seja incentivando, seja interrompendo). 

Isso é muito mais do que uma mera curiosidade: agora os cientistas suspeitam que, manipulando campos magnéticos, seja possível acelerar a cicatrização de ferimentos ou até frear o crescimento de células cancerígenas em seres humanos. Planárias, porém, são organismo tremendamente diferente de nós, e ainda não se sabe até onde as conclusões tiradas com elas se aplicam ao Homo sapiens. Uma coisa é certa: as planárias foram cortadas por um bom motivo. Principalmente considerando que agora há duas delas onde antes havia uma. 


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