A sonda Osiris-Rex, lançada pela Nasa em 2016, viajou mais de 320 mil quilômetros até chegar aos arredores do asteroide Bennu em dezembro 2018. Desde então, sua missão foi mapear toda a extensão do grande pedregulho – que tem o tamanho da Torre Eiffel, ou cerca de 500 metros – e, com as imagens, bolar um mapa detalhado de sua superfície.
“Mas por que essa é uma tarefa importante?”, um leitor poderia questionar. Quem acompanha a SUPER talvez se lembre que Bennu não é um asteroide comum. Na verdade, ele pertence à classe dos asteroides próximos à Terra (em inglês, NEA, Near-Earth Asteroids). Ou seja, acompanhá-lo de perto é essencial, uma vez que há chances de que ele possa atingir nosso planeta no futuro. Isso implica, por exemplo, coletar amostras do solo para entender o tamanho da ameaça.
Análises feitas por astrônomos aqui da Terra acreditavam que a superfície de Bennu era pouco irregular – o que facilitaria a vida de um robô espacial incumbido de recolher amostras do seu solo. Olhando mais de perto, porém, o vizinho se mostrou um verdadeiro campo minado para uma espaçonave, cheio de declives e super acidentado.
Isso obrigou astrônomos a planejar apostar numa manobra conhecida como TAG (sigla para o inglês touch-and-go, ou “tocar e ir embora”). É como se a Osiris-Rex desse um beijo na bochecha do asteroide, escolhendo uma cratera exata para pousar por alguns poucos segundos, fazer a coleta das pedras e partir com a posse das amostras.
Foi exatamente esse procedimento que aconteceu na última terça-feira (20) – mais precisamente às 19h08, no horário de Brasília. Não é a primeira vez que uma sonda recolhe amostras de um asteroide, é verdade: a missão japonesa Hayabusa cumpriu o feito ainda em 2010, ao visitar o asteroide Itokawa. Mas é a pela primeira vez que a Nasa realiza uma coleta do tipo.
O procedimento durou cerca de 6 segundos e foi feito de forma totalmente automática. Aliás, não foi sequer preciso que a Osiris-Rex aterrisasse pra valer em Bennu: a retirada de rochas aconteceu graças ao braço mecânico da sonda, que conta com um dispositivo capaz de lançar um jato de gás nitrogênio da superfície e estilhaçar o solo. Depois, era só recolher alguns fragmentos do asteroide que foram levantados com o jato e zarpar de lá. Dá para entender como a técnica funciona no vídeo abaixo.
The "reverse vacuum" TAGSAM on @OSIRISREx was invented by our engineer who used a plastic cup, air compressor, and gravel driveway to conduct the first test. The system will be used to collect a sample from asteroid Bennu. #ToBennuAndBack
Continua após a publicidadeWatch a behind-the-scenes lab test:
— Lockheed Martin (@LockheedMartin) October 6, 2020
Nesta quarta-feira, 21, a Nasa divulgou as primeiras imagens oficiais do procedimento. É possível assistir ao braço mecânico durante a ação em Bennu no vídeo abaixo.
Não se sabe ainda com precisão a quantidade de solo recolhido na manobra. O objetivo da missão, porém, é obter pelo menos 60 gramas das rochas de Bennu – a Nasa garante que é possível trazer até 1 kg de pedra.
Se tudo der certo, as amostras de Bennu devem retornar à Terra à bordo da Osiris-Rex em 2023. Além de darem um panorama mais preciso sobre a composição do asteroide vizinho, os fragmentos recolhidos podem servir, também, para responder perguntas maiores – como a origem de outros objetos celestes que vagam pelo sistema solar, por exemplo.
Sonda Osiris-Rex, da Nasa, coleta pedaço de asteroide. Veja vídeo Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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