sábado, 31 de outubro de 2020

O dia em que a Coca-Cola comprou um estúdio de cinema

O que Karatê KidOs Caça-FantasmasTootsieGandhi têm em comum? Ora, todos são clássicos dos anos 1980 e foram lançados pela Columbia Pictures, um dos mais tradicionais estúdios de cinema de Hollywood, certo?

Sim, caro leitor perspicaz. Mas mais do que isso: os quatro, junto com outras dezenas de produções, estrearam na época em que a Columbia funcionou como uma subsidiária da maior empresa de bebidas do mundo: a Coca-Cola.

A empresa pagou caro pelo estúdio: US$ 750 milhões – US$ 2 bilhões, em valores atuais. O negócio, porém, durou pouco. Sete anos depois, em 1989, a Columbia foi vendida novamente, para a Sony. Mas, para contar a história deste curioso acordo do showbiz, é preciso, antes, um pouco de contextualização.

Da farmácia ao cinema

O refrigerante escuro que você toma no Natal (e, convenhamos, em qualquer época do ano) nasceu na cidade de Atlanta, no sul dos Estados Unidos, em 1886. É invenção de John S. Pemberton, um farmacêutico que havia criado um tônico cujos principais ingredientes eram a cocaína, vinda das folhas de coca, e noz-de-cola, rica em cafeína. Pemberton se baseou numa antiga fórmula que levava, ainda, álcool.

De início, a bebida foi vendida como remédio, para aplacar dores e doenças. Vendida diretamente no copo, foi um sucesso, e não demorou para que Pemberton criasse uma empresa (a The Coca-Cola Company, em 1892), para comercializá-la em larga escala. Ah, e pode ficar tranquilo: a cocaína saiu da lista de ingredientes em 1903.

A Coca-Cola logo se tornou sinônimo de refrigerante – isso se deve, em grande parte, à publicidade massiva que a empresa sempre fez. Foi nos anos 1930, por exemplo, que o Papai Noel começou a estrelar campanhas da bebida. O bom velhinho, diga-se, já era representado com roupas vermelhas, mas a Coca foi a responsável por consolidar o visual simpático e rechonchudo.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a Coca-Cola cresceu ainda mais. Em 1946, adquiriu a alemã Fanta; em 1960, entrou no mercado de sucos ao comprar a Minute Maid Corporation (que, no Brasil, chama-se Del Valle); em 1961, a empresa criou o refrigerante de limão Sprite.

Apesar da onipresença, nos anos 1970, as vendas da Coca-Cola foram menores do que o normal. Uma das responsáveis por isso foi a Pepsi, sua principal concorrente e que, ali, iniciou a chamada “guerra das colas” – uma disputa pela liderança do mercado das bebidas cheias de açúcar.

Desde 1963, quando Donald M. Kendall assumiu a presidência da companhia, as vendas da Pepsi dispararam (até 1986, elas aumentariam em 40 vezes). Motivo: uma forte campanha de marketing, a “Desafio Pepsi”, que começou em 1975, no qual as pessoas, em testes às cegas, eram convidadas a experimentar as duas bebidas – e escolhiam a Pepsi.

Além disso, a empresa investiu na campanha “Geração Pepsi” para se tornar uma marca jovem e descolada – e colocar a Coca como algo velho e antiquado. Cada vez mais, as propagandas traziam artistas e esportistas para reforçar essa ideia.

Isso obrigou a Coca-Cola a agir. Roberto Goizueta, que se tornou presidente da companhia em 1981, assumiu a tarefa de diversificar os negócios – e evitar que a imagem que a Pepsi tentava criar da Coca se firmasse. Foi aí que a empresa olhou para Hollywood.

Querida, compramos um estúdio

Em janeiro de 1982, o New York Times deu a notícia que a empresa de bebidas estava próxima de comprar a Columbia Pictures. A venda foi concluída em junho daquele ano.

Criada em 1920, a Columbia foi responsável por clássicos da chamada Era de Ouro de Hollywood, como a comédia Aconteceu Naquela Noite (1934), vencedora de cinco Oscars, além das produções dos Três Patetas e dos primeiros curtas de Batman e Superman.

A Columbia quase sempre esteve entre os “Big Five”, os cinco maiores estúdios de Hollywood. No passado, estúdios como a RKO, a United Artists e a 20th Century Fox (que hoje pertence à Walt Disney Company) já fizeram parte do clubinho, que, atualmente, é formado por Columbia, Universal, Warner Bros, Paramount e, claro, Disney.

No início dos anos 1980, a Columbia não era a líder de bilheteria (em 1981, ela ficou em quarto lugar, empatada com a Fox), mas vinha de bons sucessos, como Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Kramer vs. Kramer (1979), A Lagoa Azul (1980) e Recrutas da Pesada (1981). Annie, adaptação do musical homônimo da Broadway lançado no final de 1982, foi o primeiro blockbuster (custou US$ 107 milhões, em valores atuais) sobre o qual a Coca pôde lucrar.

A empresa, contudo, não estava interessada apenas nos lançamentos para a telona. Nos anos 1980, a TV a cabo, um importante setor da indústria do entretenimento, estava se consolidando nos EUA. Com isso, os estúdios de cinema ganharam novos clientes: os canais por assinatura, que buscavam conteúdos para transmitir. Em 1981, a HBO (o primeiro canal do tipo, criado em 1972), fechou um acordo de exclusividade com a Columbia para exibir seus filmes antigos. Isso sem contar o crescimento do mercado de home videos, com a popularização dos videocassetes.

A reportagem do New York Times ressaltou também outro potencial interesse da Coca-Cola: a Gottlieb, uma empresa de máquinas de pinball e arcades adquirida pela Columbia em 1976 e que, com a Coca, poderia receber mais investimentos – e alçar voos maiores. Bem, não rolou.

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<span class="hidden">–</span>Columbia Pictures/Reprodução

Sob nova direção

As coisas iam de vento em popa. Gandhi, cinebiografia do líder indiano estrelada por Ben Kingsleyvenceu oito prêmios no Oscar de 1983, incluindo o de Melhor Ator, para Kingsley, e Melhor Filme – até hoje, há uma réplica da estatueta no museu da Coca-Cola, em Atlanta. Tootsie, comédia estrelada por Dustin Hoffman, recebeu dez indicações naquele ano.

Em 1983, a Columbia se meteu em um novo empreendimento. Junto com a HBO e a CBS, uma emissora de TV aberta, criou um novo estúdio, a TriStar Pictures. A ideia era simples: a joint venture (nome chique para “parceria”) serviria para dividir os custos de produção, para evitar grandes prejuízos caso alguma produção fracassasse. HBO e CBS se interessaram na proposta – afinal, eles teriam exclusividade na transmissão dos produtos da TriStar.

Contudo, poucos meses após a Coca-Cola assumir a Columbia, os funcionários do estúdio perceberam que as coisas não seriam fáceis. “Eles não sabiam nada de filmes, e não se importavam a ponto de aprender”, disse Frank Price, que comandava a Columbia naquela época, no episódio sobre Os Caça-Fantasmas da série Filmes que Marcam Época, da Netflix.

O longa, aliás, é um bom exemplo dessa relação conturbada, já que, por pouco, ele não acabou engavetado. “Eles não achavam que uma comédia com efeitos especiais caros daria retorno financeiro”, disse Frank, que, pelas divergências com a Coca, saiu do estúdio para chefiar a Universal Pictures.

A produção de Os Caça-Fantasmas foi intensa. Entre o “ok” de Price para as filmagens e a estreia do filme, em 8 de junho de 1984, foram apenas 13 meses. E, como se não bastasse o prazo apertado, o diretor, Ivan Reitman, tinha outro problema: o nome “Ghostbusters” já existia. Pertencia a uma série da Filmation Studios – o estúdio por trás do He-Man. Por meses, a Columbia tentou, sem sucesso, adquirir os direitos do título. A Coca, que já não botava muita fé no projeto, não insistiu nas propostas.

Ao invés disso, a empresa bolou um plano B: gravar o filme duas vezes, uma com o nome “Ghostbusters” e outra com um título alternativo, “Ghostbreakers”, para o caso do acordo com a Filmation não vingar. As filmagens rolaram desse jeito, até que a ideia “genial” se mostrou insustentável – e sem sentido. A situação só foi resolvida porque a Filmation era, veja só, uma empresa da Universal. Frank, ao assumir o estúdio, permitiu a cessão do nome. Haja sorte.

A Coca-Cola interferia não apenas por trás das câmeras, mas também com o que rolava na frente delas. Os filmes eram a vitrine perfeita para seus produtos – uma técnica conhecida como product placement, em que objetos, como uma latinha de refri, integram a cena propositalmente, como na imagem de Bill Murray no início do texto.

Essas interferências, claro, incomodavam parte da equipe criativa dos filmes. Em Karatê Kid (1984), Ralph Macchio, que interpretou Daniel Larusso, foi obrigado a dizer “Minute Maid” durante uma cena de café da manhã. Em outro momento, na oficina do Sr. Miyagi, Ralph escondeu com a mão o logo de uma lata de Sprite. Contrariado, ele refez a cena – desta vez, mostrando a marca pelo menor tempo possível.

Olá, Sony

Nessa época, a Columbia aumentou seu envolvimento com programas televisivos – mais baratos que longas-metragens, eram uma aposta financeira muito mais segura. Foi com essa área que a Coca-Cola ganhou uma grana com o sucesso de programas como Jeopardy! Wheel of Fortune – uma espécie de Show do Milhão Roda-Roda dos EUA. Em 1986, a TV, que correspondia por um terço da receita do estúdio, passou a representar 85%.

Contudo, em 1987, a Columbia lançou um dos maiores fracassos da sua história: a comédia Ishtar, estrelada por Warren Beatty e Dustin Hoffman. Custou US$ 55 milhões, mas arrecadou apenas US$ 14,4 milhões – um preju de US$105 milhões, em valores atuais. A crítica detestou: alguns, inclusive, classificam-no como um dos piores filmes de todos os tempos.

A bomba de Ishtar foi o estopim para algo que os acionistas e executivos mais antigos da Coca já pensavam em fazer: pular fora do inconstante mercado do entretenimento. O negócio era mesmo fazer refrigerante.

Em 1987, a companhia começou a se afastar da Columbia. O estúdio se fundiu com a TriStar, que, na época, já não contava mais com as participações da HBO e da CBS. A nova empresa, então, foi renomeada como Columbia Pictures Entertainment, com um valor de mercado de US$ 7,1 bilhões (em valores atuais). A Coca ainda manteve 80% das ações do estúdio – o plano, porém, era diminuir rapidamente essa fatia para 49%.

Em 1989, após um ano de negociações, a fabricante japonesa de eletrônicos Sony anunciou que iria comprar a Columbia pelo equivalente a US$ 7,8 bilhões atualmente. Na época, o vice-presidente da Sony nos EUA, Michael Schulhof, disse ao jornal Los Angeles Times que a decisão fazia parte da “a estratégia de longo prazo da Sony de construir um negócio de entretenimento total em torno da sinergia de hardware e software de áudio e vídeo”.

A afirmação foi um prenúncio da entrada da Sony no mundo do entretenimento. Cinco anos depois, em 1994, ela lançou o primeiro PlayStation, um dos consoles mais vendidos da história. Nos anos seguintes, a empresa lançaria vários outros filmes de sucesso, como Homens de PretoO Código da Vinci e toda a franquia do Homem-Aranha.

Aliás, fica o desafio: você já percebeu que, em filmes da Columbia, todo mundo só usa produtos da Sony? Videogames, televisores, celulares… Um dos benefícios em ser dono de um estúdio de cinema, afinal. Só não vale exagerar: em O Espetacular Homem-Aranha 2, a presença da marca foi tão grande que virou piada.

 

 

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A evolução e os desafios no tratamento do câncer de mama metastático

Em outubro celebramos o mês de conscientização sobre o câncer de mama, o tipo da doença mais comum entre mulheres no mundo, excluindo o câncer de pele não melanoma. Só no Brasil são 66 280 novos casos esperados para cada ano no triênio de 2020 a 2022. Isso significa uma proporção de mais de 61 casos por 100 mil mulheres nesse período. Além de ampliar o diagnóstico precoce e a prevenção, dois fatores importantíssimos para reduzir a mortalidade pela doença, é fundamental falar também do câncer de mama metastático, quando a doença já se espalhou.

Um estudo analisou informações de quatro diferentes bases de dados de registro da enfermidade no país entre 2008 e 2018 e estimou que atualmente tenhamos 44 642 brasileiras vivendo com câncer de mama metastático — são 41 casos a cada 100 mil mulheres. Entre essas pacientes, 58% foram diagnosticadas com o subtipo mais comum da doença (o RH+/HER2-).

Apesar de existirem diversas opções terapêuticas contra o câncer de mama metastático, como a terapia hormonal, muitas mulheres apresentam resistência e progressão da doença. Quando isso acontece, aquelas com a doença avançada do tipo RH+/HER2- costumam ser submetidas à quimioterapia — tratamento que, nessas circunstâncias, demonstra piores taxas de resposta e tolerabilidade. O fato é que hoje ainda existem muitas necessidades não atendidas para mulheres que enfrentam o câncer de mama metastático.

Mas temos boas notícias, com novos tratamentos capazes de ajudá-las a viver mais e melhor. Para nós, médicos, ter mais opções terapêuticas é essencial para que possamos escolher o que é mais adequado para cada paciente. Um exemplo dessa tendência é o medicamento abemaciclibe, pertencente à classe dos inibidores de ciclina e lançado no Brasil pela pela farmacêutica Eli Lilly em 2019. Ele é indicado para o tratamento de câncer de mama avançado ou metastático RH+HER2 -, em combinação com a terapia hormonal como tratamento inicial, em combinação com fulvestranto após terapia hormonal inicial ou em monoterapia após progressão da doença depois do uso de terapia endócrina e um ou dois regimes quimioterápicos anteriores para a doença metastática.

No estudo da combinação com terapia hormonal inicial, por exemplo, essa estratégia mostrou redução de 46% no risco relativo de progressão da doença ou morte no comparativo ao grupo controle (sem esse tratamento), com resposta de sucesso de 48% entre as pacientes testadas e uma sobrevida livre de progressão da doença de mais de dois anos. Essa nova classe de medicamentos é a mais recente ferramenta a aprimorar o tratamento da enfermidade em nosso país. E, agora, nossa esperança é que tratamentos como esse possam estar disponíveis a mais e mais brasileiras.

Neste momento, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está avaliando a inclusão de medicamentos como o abemaciclibe como parte da cobertura obrigatória dos planos de saúde. Cerca de 25% da população brasileira possui acesso a convênios. Diante disso, ter esses remédios disponíveis pelo plano é crucial para elevar as chances de sucesso contra a doença. Como parte do processo de avaliação da inclusão, a ANS abriu uma consulta pública até 21 de novembro que oferece a oportunidade de toda a sociedade opinar sobre o parecer preliminar da agência de incluir ou não essas terapias no rol de cobertura obrigatória dos convênios estabelecido pelo órgão.

No caso do abemaciclibe, a agência recomendou preliminarmente a inclusão de apenas uma indicação do produto a ser reembolsada pelos planos. Os usos em monoterapia e em combinação com um inibidor da aromatase como terapia endócrina inicial tiveram respostas iniciais negativas da agência. Por isso a participação nas consultas públicas é importante. Eis uma grande oportunidade para que toda a sociedade possa fazer sua voz ser ouvida e ajudar na inclusão de medicamentos de última geração para o tratamento do câncer de mama metastático.

* Antonio Buzaid é oncologista e diretor médico do Centro de Oncologia da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, além de membro do comitê gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein

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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Denisovanos já habitavam o Tibete quando humanos chegaram, revela DNA em caverna

A caverna Baishiya Karst, que fica a mais de 3.000 metros acima do nível do mar no Tibete, China, é um importante santuário para monges budistas da região. Há dezenas de milhares de anos, porém, o mesmo local pode ter servido de abrigo para alguns hominídeos de Denisova  espécie similar ao Homo sapiens cuja origem e paradeiro permanece um mistério para os arqueólogos. 

É o que relata um estudo publicado nesta quinta no periódico Science. Uma equipe formada por pesquisadores da China, Austrália e EUA conseguiu identificar amostras de DNA de denisovanos, que datam de entre 100 mil e 45 mil anos atrás, nos sedimentos do local.

O achado torna Baishiya Karst apenas o segundo local onde material genético denisovano foi encontrado até hoje. A descoberta nos ajuda a entender a história da dispersão dessa espécie obscura e os cruzamentos entre sapiens e outros hominídeos que resultaram na diversidade genética dos humanos modernos.

Os Denisovanos guardam conosco um grau de parentesco evolutivo semelhante ao exibido pelos Neandertais. Mas os homens do vale de Neander, descobertos ainda no século 19 na Alemanha, são bem mais conhecidos que os da caverna de Denisova, na Sibéria identificados apenas em 2010. Perceba que as duas espécies foram batizadas em referência ao local da escavação dos primeiros fósseis. 

Estudos genéticos em humanos modernos (nós cruzamos com os denisovanos) ajudam a entender a distribuição geográfica original dessa espécie. Populações atuais da Ásia e dos arquipélagos do Pacífico, aborígenes da Austrália e nativos da América do Norte possuem todos traços denisovanos em seus genomas (algo entre 0,5% e 3% do DNA). A maior taxa é encontrada em habitantes da Papua Nova Guiné, que herdaram até 6% de seu genoma desses hominídeos extintos. 

Esses dados indicam que, em algum ponto da história, a espécie foi amplamente distribuída pela Ásia e, talvez, pela Oceania. Africanos e europeus não têm genes denisovanos, até onde sabemos. O problema é que, apesar de sua presença ampla e fantasmagórica no DNA, os denisovanos são escassos no registro fóssil: conhecíamos apenas o punhado de fragmentos usado na descrição original da espécie, em 2010. 

Uma nova esperança

Em 2019, uma equipe liderada pela pesquisadora chinesa Zhang Dongju, da Universidade de Lanzhou, identificou um pedaço de mandíbula denisovana encontrado na caverna de Baishiya Karst que datava de mais ou menos 160 mil anos atrás. O fóssil havia sido encontrado 40 anos antes por um monge budista, e passou esse tempo todo guardado.

Na época da publicação do estudo, arqueólogos de outras instituições questionaram a descoberta. A mandíbula havia sido atribuída a um denisovano por meio de um método criado recentemente, que se baseava em variações de uma única proteína. Um teste de DNA seria uma evidência bem mais conclusiva, mas o osso não estava suficientemente preservado para isso.

Dongju e sua equipe voltaram a escavar a caverna em busca de mais provas. Como o local é sagrado para os budistas e usado para fins religiosos, foi necessário um acordo com os monges – eles só escavariam à noite, quando não há cerimônias, e no inverno, quando as temperaturas atingem um patamar bem pouco divino. Detalhe: o local fica a 3.200 metros de altitude.

O império contra-ataca

Valeu a pena encarar os monges, o frio de Everest e os haters. O resultado desse rolê congelante é a notícia que você está lendo: Dongju conseguiu as primeiras amostras de DNA denisovano fora da Sibéria.

O material não foi extraído de fósseis, mas sim do próprio solo da caverna. Ele pode ter se misturado aos sedimentos pegando carona em urina, fezes ou sangue de ferimentos. Ou ser proveniente da própria decomposição dos corpos, explicou Dongju em entrevista à SUPER.

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O mais interessante é que o DNA foi encontrado em sedimentos datados de épocas bem diferentes: algumas amostras eram de 100 mil anos atrás, outras de 60 mil, e algumas, possivelmente, de 45 mil anos. A datação dos fragmentos mais antigos é bastante confiável; a dos mais jovens é incerta.

Se confirmada, essa última data coincidiria com a chegada dos primeiros Homo sapiens ao leste asiático, há mais ou menos 40 mil anos. A caverna e seus arredores podem ter sido um local de encontro entre as espécies – e, possivelmente, reprodução.

Além do DNA mitocondrial, a equipe também encontrou fósseis de animais e ferramentas de pedra na caverna. Esses itens ainda não foram datados, portanto, não sabemos se foram produzidos pelos denisovanos ou pelos sapiens que chegaram depois. 

No teto do mundo

Encontrar indícios da presença de hominídeos pré-históricos em altitudes tão grandes é algo raro na arqueologia. Em atitudes superiores a 2.500 metros, humanos modernos já começam a sofrer com o ar rarefeito. Isso indica que os denisovanos da região tinham adaptações que os ajudavam a suportar a falta de oxigênio.

Como a mandíbula encontrada em 2019 data de 160 mil anos atrás e as amostras de DNA são de até 45 mil anos atrás, é provável que a espécie tenha habitado o Tibete por dezenas de milhares de anos – tempo suficiente para mutações emergirem e se espalharem por seleção natural. Em um ambiente extremo, qualquer gene que dê um gás na capacidade respiratória sairia na vantagem.

Um estudo anterior indicou que os humanos que habitam o Tibete atualmente possuem adaptações a grandes altitudes graças aos denisovanos. Eles possuem uma variação do gene EPAS1 que torna as hemácias (glóbulos vermelhos) capazes de carregar oxigênio com mais eficiência. Os pesquisadores acreditam que essa mutação surgiu e se tornou comum entre os denisovanos, e depois foi herdada pelos humanos que cruzaram com eles. 

Cadê os ossinhos?

Se os denisovanos ocuparam uma fatia tão grande da Ásia, fica a pergunta: por que seus restos mortais são tão raros? 

“Fósseis de hominídeos em geral são raros devido aos problemas de preservação”, explicou à SUPER Charles Perreault, da Universidade Estadual do Arizona, EUA, que também participou do novo estudo. “O ambiente de muitas partes da Ásia não é adequado à preservação de fósseis – as florestas úmidas do sudeste asiático são um exemplo disso.”

Outro problema é que não sabemos como era, exatamente, a anatomia dos denisovanos. Talvez já tenhamos encontrados dezenas de ossos deles, mas não soubemos atribui-los à espécie correta. Dongju explicou que é preciso fazer uma ponte entre fragmentos que preservaram o DNA, mas são pequenos demais para nos dar características morfológicas, e fragmentos maiores, que nos dão informações sobre a a aparência física e a mecânica do esqueleto desses hominídeos. 

Perreault concorda. “Sabemos muito pouco sobre a morfologia do esqueleto de denisovanos e sobre sua aparência. Na medida em que esqueletos guardados em museus e laboratórios de universidades comecem a ter seus DNAs estudados, espero que possamos descobrir que alguns deles na verdade são de denisovanos”.

Até lá, a equipe vai continuar cavando a caverna chinesa, na esperança de encontrar mais fósseis da espécie misteriosa, bem como outros indícios que revelem seus hábitos. “Vai ser interessante comparar o comportamento de denisovanos com o de humanos modernos e de neandertais”, diz Perreault.

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Um livro para o trabalho não acabar com a gente

Metas em cima de metas, reuniões sem fim, e-mails, chats e mensagens fora do expediente… Fica fácil entender por que cresce o número de pessoas que sofrem e adoecem em função da rotina e do ambiente corporativo. Para quebrar esse círculo vicioso, devemos reconsiderar e demolir alguns conceitos que imperaram por décadas na cultura das empresas, como a ideia de que é bonito chegar cedo e sair tarde do escritório ou varar madrugadas para entregar projetos.

Eis o manifesto de dois executivos de uma companhia de softwares americana que, ao longo dos anos, testaram e implementaram resoluções capazes de alavancar a felicidade dos colaboradores e o lucro da firma. Em O Trabalho Não Precisa Ser uma Loucura (clique para comprar), Jason Fried e David Hansson dividem reflexões e exemplos que podem inspirar funcionários, empreendedores e gestores. O case deles soa às vezes paradisíaco, mas no mínimo nos força a desconstruir mitos do trabalho árduo, corrido e competitivo.

Para refletir

Cinco questões para se fazer considerando seu comportamento no trabalho

É urgente mesmo?
Dar ou exigir respostas rápidas e imediatas na maioria das vezes não faz diferença para o fluxo e o sucesso das atividades.

Precisa de reunião?
Boa parte dos encontros, sobretudo os que envolvem gente demais, desperdiça tempo e não chega a resoluções.

Estou concentrado?
O ambiente de trabalho, os chats e as redes sociais podem fazer com que horas no computador não rendam. Foco faz diferença.

Metas são tudo?
Não! Na empresa dos autores, metas nem existem mais. Não raro elas são arbitrárias e inalcançáveis.

Tenho de descansar?
Mas é claro! Sono e férias são sagrados. Se você ou a companhia não respeitam isso, uma hora o corpo e a mente se ressentem.

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Análise de genomas revela como os primeiros cães acompanharam migrações humanas

Que o cão é o melhor amigo do homem, já estamos cansados de ouvir. Esses bichinhos domesticados se tornaram membros de nossas famílias, mas nós sabemos muito pouco sobre a origem pré-histórica e o posterior fortalecimento desse vínculo. Qual era a aparência das primeiras raças? Todos os cachorros evoluíram a partir de um único ancestral comum ou houve mais de um evento de domesticação? Um artigo publicado nesta quinta-feira (29) no periódico Science joga uma luz inédita sobre o tema. 

A equipe de pesquisadores analisou amostras de DNA extraídas de mais de dois mil ossos e dentes de cães da Europa, da Sibéria e do Oriente Médio. Esses genomas, que tinham no máximo 10.900 anos, foram obtidos em diversas escavações arqueológicas e fornecidos por pesquisadores e curadores de museus envolvidos no estudo.

Crânio de um cão que viveu há 10.900 anos, encontrado no noroeste da Rússia. Essa foi a amostra mais antiga analisada pelos pesquisadores. O crânio ao lado pertence a um lobo contemporâneo das estepes russas, e foi inserido na montagem para fins de comparação. E.E. Antipina/Divulgação

 

Feita a coleta, os pesquisadores comparam o DNA canino com o genoma de 17 humanos que viveram nos mesmos lugares e épocas que os mascotess. Anders Bergstrom, autor do estudo e pesquisador do Instituto Francis Crick, na Inglaterra, explica que, “ao estudar como os genomas de diferentes partes do mundo são semelhantes entre si – e como essas relações mudam com o tempo –, podemos aprender sobre os movimentos e mudanças passadas dos cães e como eles se relacionam com a história humana”.

Bergstrom exemplifica com os próprios resultados: “sabemos que, depois que a agricultura foi adotada na Mesopotâmia e no Levante, houve um movimento de pessoas para a Europa. Em nosso estudo, verificamos que mudanças semelhantes ocorreram nas populações de cães, sugerindo que esses primeiros criadores trouxeram seus animais com eles quando migraram para a Europa”. 

Nem sempre, porém, os cães chegavam a novas terras como companheiros de viagem. Também era comum que os primeiros humanos agricultores, conforme se espalhavam do atual território do Iraque para o mundo, adotassem pets locais, domesticados previamente pelos povos caçadores-coletores nativos de cada região. Por exemplo: humanos imigrantes que alcançaram o território alemão há 7 mil anos dividiram espaço com cães de DNA europeu e siberiano, que já estavam lá de antemão. 

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De onde vem? 

Tudo indica que os cães evoluíram dos lobos. Em um momento indeterminado do passado, um grupo de lobos mais tranquilos se aproximou de caçadores em busca de restos de alimento. Os humanos, por sua vez, viram vantagens em ter carnívoros ferozes protegendo-os. Óbvio que isso não aconteceu da noite para o dia. Foi seleção natural: lobos que nasciam mais dóceis tinham mais chance de conseguir sobras, e assim prosperavam. Com o tempo, a estratégia deu origem aos animais simpáticos que conhecemos.

Nossas melhores evidências arqueológicas sugerem que isso ocorreu há pouco mais de 15 mil anos. Os fósseis de cachorro mais antigos que se conhece foram encontrados na Alemanha e datam dessa época, alguns milênios antes da invenção da agricultura. “Cães e lobos ainda são muito próximos geneticamente, mas os cães evoluíram rapidamente para uma vida ao lado dos humanos”, diz Bergstrom.

Essa mudança acelerada no comportamento e na aparência – um alienígena não acreditaria que um pug e um lobo são essencialmente o mesmo animal – foi fruto de duas forças. Uma é a seleção artificial: os seres humanos se esforçam ativamente para selecionar (e então reproduzir) os exemplares de cachorro que fossem mais habilidosos em certas tarefas ou que tivessem certos traços físicos.

Antes disso, porém, houve uma seleção mais inconsciente contra a agressão, que manteve apenas os pets mais dóceis e companheiros. Greger Larson, co-autor do estudo, explicou à Science que, nos primeiros milênios de aproximação entre lobos e pessoas, qualquer demonstração de agressividade seria suficiente para que os humanos expulsassem os cães de seu convívio. Apenas os mais fofos sobreviviam. 

Há 11 mil anos, já existiam cinco linhagens distintas de cachorros, as quais deram origem aos mascotes do Oriente Médio, da Europa, da Sibéria, da Nova Guiné e das Américas. Um gráfico elaborado pelos pesquisadores mostra as regiões “de origem” de algumas raças e quais assinaturas genéticas elas trazem. Veja abaixo:

Mapa mostra as fontes de ancestralidade dos cães domésticos modernos.BERGSTROM ET AL., SCIENCE/Divulgação

A equipe pretende continuar analisando o genoma dos cães. Em conjunto, devem estudar crânios antigos e marcadores genéticos que podem indicar a aparência destes primeiros animais. 

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Quiz: você cuida da saúde mental da mesma forma que da física?

O caminho para uma vida saudável passa pela prevenção. Seguir uma alimentação nutritiva, abandonar o sedentarismo, realizar checkup uma vez ao ano, por exemplo, são atitudes essenciais para fortalecer o organismo e reduzir o risco de adoecer. Mas, quando se trata da saúde mental, nem todas as pessoas entendem que a adoção de determinados hábitos também é importante para evitar doenças como a depressão.

“Pode parecer óbvio que seja bom prevenir a depressão, pois assim se impede a tristeza intensa. Entretanto, a prevenção desse transtorno é muito mais que evitar o sofrimento subjetivo, já que a depressão pode também comprometer as funções executivas (aquelas habilidades cognitivas necessárias para controlar nossos pensamentos, emoções e ações) e prejudicar a memória e a concentração, por exemplo. Nossos afetos são regulados por circuitos de neurônios, que formam uma rede neural de comunicação. Assim como a prática de exercícios fortalece o sistema cardiovascular e promove a saúde física, há hábitos e comportamentos que melhoram a comunicação da rede neural responsável por regular as emoções e, dessa forma, melhoram também a saúde emocional”, explica o psiquiatra Renério Fráguas Junior. 

Mas quais são essas atitudes? E mais: será que a sua rotina envolve esses cuidados tão importantes para manter sua mente saudável?

Faça o quiz Você cuida da saúde mental da mesma forma que da física?, descubra as respostas para as perguntas e adote hábitos simples, porém essenciais, para prevenir o diagnóstico da depressão!

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Novos testes genéticos revelam nossas origens

Em junho de 2016, um grupo de 67 voluntários, das mais diferentes partes do mundo, participou de um experimento social em Copenhague, na Dinamarca. Havia gente de todo canto: um inglês que detestava alemães, um cubano que não simpatizava com franceses e um islandês que jurava que era 100% islandês. Todos eles foram convidados a cuspir dentro de um tubo de ensaio e fazer um teste de DNA.

Duas semanas depois, os participantes fizeram caras e bocas ao tomar conhecimento dos resultados. O inglês descobriu que 5% de seus antepassados vieram da Alemanha. O cubano soltou uma gargalhada ao saber que tinha ancestrais espalhados por toda a Europa. O islandês ficou surpreso ao constatar que, ao contrário do que pensava, sua família não era composta só de islandeses, mas também de portugueses, espanhóis, italianos, gregos… “Não haveria extremismo no mundo se todos nós soubéssemos de onde viemos”, observou a francesa Aurelie, uma das participantes do projeto.

Batizado de The DNA Journey (“A jornada do DNA”, em livre tradução), o vídeo, idealizado por um site de buscas de passagens aéreas e reservas de hotéis, viralizou nas redes sociais e já registra mais de 330 milhões de visualizações. De lá para cá, muita coisa mudou. Os testes genéticos estão se popularizando. Inclusive no Brasil.

Esses exames já não são mais tão caros como eram. Há cerca de cinco anos, um kit para descobrir a origem de seus ancestrais custava em torno de 300 dólares (ou 1,6 mil reais). Hoje pode ser comprado por menos de 500 reais. “Nosso teste identifica origens genéticas de até oito gerações, o que corresponde aos bisavôs dos nossos tataravôs”, conta Cesário Martins, diretor do meuDNA. “O teste de ancestralidade é uma importante ferramenta de autoconhecimento. Conhecer as próprias origens faz parte da construção da identidade”, afirma.

Realizar o teste é fácil e pode ser feito em casa pela própria pessoa. Basta comprar um kit pela internet, ler as instruções na embalagem, coletar uma amostra de seu DNA e enviá-la ao laboratório especializado pelos correios. Nada de sangue. A amostra é coletada esfregando um cotonete especial chamado “swab” na parte interna da bochecha.

De sua saliva a empresa vai extrair células que contêm seu código genético. Ele será inserido em um banco de dados e, por meio de inteligência artificial, comparado ao DNA de outras pessoas e clientes do laboratório. Dentro de algumas semanas, o usuário recebe um mapa detalhado com os países de origem de seus ancestrais.

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“Somos o único laboratório do Brasil que oferece a possibilidade de localizar parentes próximos ou distantes”, afirma o médico Ricardo di Lazzaro Filho, sócio-fundador da Genera, empresa que também fornece um teste de ancestralidade feito em casa. “O principal motivo de procura por esses testes é a busca do autoconhecimento e de sua própria história. O Brasil é um país muito miscigenado”.

Saúde sob medida

Mas os testes genéticos não servem apenas para revelar quem são nossos antepassados. Mais do que isso, existem exames que vasculham nosso DNA para ajudar a cuidar melhor da saúde. Como? Eles podem apontar desde deficiências de vitaminas até a predisposição a vários tipos de câncer.  “O autoconhecimento genético evita o surgimento de algumas doenças, assim como detecta precocemente outras”, explica Martins.

O diretor do meuDNA cita, por exemplo, o câncer de mama. Cerca de 10% dos casos são causados por mutações genéticas herdadas dos pais. “Milhares de casos de câncer poderiam ser evitados ou diagnosticados precocemente se as mulheres tivessem conhecimento de seus riscos genéticos”, afirma.

A genética é peça-chave na construção do que Ricardo di Lazzaro chama de medicina 4Ps: preditiva, preventiva, personalizada e participativa. Além de identificar propensão a certas doenças, testes de DNA podem sinalizar quais medicamentos são mais indicados a cada paciente. É a farmacogenômica, ramo da farmacologia que estuda a interação entre os genes e os remédios. “Os resultados obtidos são importantes aliados no tratamento de pacientes que não estão respondendo positivamente a um determinado medicamento, seja por falta dos efeitos esperados, seja por excesso de efeitos colaterais”, esmiúça o CEO da Genera.

Na era da medicina de precisão, que usa dados genéticos para aprimorar a prevenção e o tratamento de doenças, a professora Lygia da Veiga Pereira, chefe do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), idealizou o projeto DNA do Brasil, em parceria com a Dasa, maior grupo de medicina diagnóstica da América Latina.

Lançada em dezembro do ano passado, a iniciativa planeja sequenciar o genoma de 15 mil voluntários, entre 35 e 74 anos, e montar um banco de dados genéticos da população brasileira. “O DNA do Brasil é essencial para ajudar a compreender como as variantes genéticas se relacionam com determinada doença na população. Com isso, será possível obter um diagnóstico mais preciso e predizer as chances de um indivíduo desenvolvê-la”, conta Lygia.

“Essa abordagem permite que a equipe de saúde tome decisões clínicas em tempo oportuno para evitar que a doença se manifeste. Entre outras possibilidades, poderá definir qual medicamento será mais eficaz ou terá menos efeitos colaterais”, completa a professora da USP. É a genética dando sua contribuição à saúde pública.

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Fóssil de pássaro antártico com 6,4 metros de envergadura é encontrado em museu

A maior ave voadora viva existente hoje é o albatroz-errante (Diomedea exulans). Alguns individuos alcançam 3,5 metros de envergadura. Esse campeão contemporâneo, porém, é pequeno em relação a um gigante pré-histórico que dominou os céus logo após a extinção dos dinossauros: um pássaro da família Pelagornithidae cujas asas, somadas, têm 6,4 metros. 

Em um artigo publicado no periódico especializado Scientific Reports na última segunda (26), paleontólogos da Universidade da Califórnia em Berkeley descrevem um fragmento de mandíbula fossilizado escavado na Antártica na década de 1980.

O osso de 40 milhões de anos, pertencente a um pássaro Pelagornithidae, passou as últimas quatro décadas em uma gaveta no museu de paleontologia da insituição americana. Junto dele, havia um segundo tesouro: um pedaço do pé de um ave similar, só que ainda mais antiga, com 50 milhões de anos.

Em julho de 2019, o repórter da SUPER Guilherme Eler foi ao museu de zoologia da USP, no Ipiranga, em São Paulo, contar como funciona a descoberta de fósseis em gavetas. Leia o relato aqui. É algo mais comum do que parece: nem sempre as instituições tem braço ou verba para analisar na hora o material coletado em campo. Muitos fósseis esperam na fila da classificação.

O responsável pela dobradinha de achados foi Paul Kloess, famoso entre seus colegas por fazer mais descobertas arrumando os arquivos do museu do que indo à campo. “Eu adoro explorar as coleções e encontrar tesouros”, afirmou Kloess em comunicado à imprensa. “Me chamam de rato de museu, e para mim isso é uma honra: amo fuçar por aí, encontrando coisas pelas quais as pessoas passam batido.”

Os pássaros Pelagornithidae são notáveis não só pelo tamanho, mas pelas protusões ósseas pontiagudas em suas mandíbulas – que eram revestidas de queratina e exerciam uma função similar à dos dentes nos seres humanos (ainda que não sejam considerados dentes verdadeiros, e sim pseudodentes).

As asas avantajadas e uma certa ginga com os ventos permitiam a esses gigantes passar mais de uma semana sobrevoando o Atlântico Sul para pescar. Eles raramente pousavam, e conseguiam planar a maior parte do tempo. Na época em que viveram, chamada de Eoceno, o litoral da Antártica tinha um clima mais ameno e alimento abundante.

Baleias ainda não existiam (pelo menos, não nas dimensões atuais). Mas marsupiais e parentes distantes dos tamanduás e preguiças contemporâneos eram comuns nos mares que rodeiam o continente gelado.

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A astrofísica Beatriz Barbuy desvenda a composição química das estrelas

Nenhum artefato construído pelo ser humano jamais visitou uma estrela para coletar amostras. É difícil imaginar uma sonda capaz de sobreviver a ao calorzinho de, no mínimo, 5 mil ºC.

Mesmo assim, sabemos com precisão as porcentagens de hidrogênio, hélio, ferro e diversos outros elementos na composição da maioria dos pontinhos que vemos no céu. Também sabemos quantos anos essas estrelas têm e que papel elas tiveram na história da Via Láctea.

Isso é possível graças a uma técnica criada no século 19 chamada espectroscopia. Funciona assim: você aponta um telescópio para uma estrela e passar a luz dela por prisma. O prisma decompõe a luz nas cores do arco-íris, como na capa do álbum Dark Side of the Moon, do Pink Floyd.

Acontece que algumas faixas do arco-íris ficam faltando. Aparecem borrões pretos omitindo trechos do que deveria ser um espectro contínuo.

São esses borrões que nos dizem do que as estrelas são feitas. Os elementos químicos presentes nelas absorvem luz de cores específicas. Isso faz com que os astros tenham um “código de barras” único, que nos permite identificar a presença e a abundância de cada quadradinho da tabela periódica.

A astrofísica Beatriz Barbuy é, de longe, o nome brasileiro mais conhecido quando se trata da composição química de estrelas. Após a graduação em física e mestrado em astronomia pela USP, a paulistana foi para a Universidade de Paris pela falta de incentivo à pesquisa no Brasil. Ela terminou o doutorado em 1972 na França, se tornando uma das primeiras brasileiras a obter o título. Desde então já orientou dezenas de estudantes e publicou mais de 200 artigos em periódicos científicos.

Sua carreira foi tão prolífica que fica difícil mencionar um trabalho só. Barbuy identificou algumas das estrelas mais antigas da Via Láctea, inclusive a primeira estrela com urânio conhecida.

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A descoberta é importante porque o urânio é um elemento radioativo, e sua meia-vida (ou seja, o tempo que demora para metade de uma amostra decair e se tornar outro elemento químico) é de 4,5 bilhões de anos. 

Com esse dado em mãos, seu grupo de pesquisa pôde estimar a idade da estrela. Apenas outras duas estrelas de urânio foram identificadas desde então.

Barbuy cita um trabalho de 1988 como sendo um de seus principais. Após sete noites de observação no Chile, em um telescópio pertencente ao Observatório Europeu do Sul, ela publicou um artigo sobre o oxigênio em estrelas do halo (a região externa da galáxia). Foi o que a tornou conhecida internacionalmente.

Posteriormente, ela focou em estrelas e aglomerados do bojo (o centro da galáxia). A hipótese mais aceita hoje diz que a galáxia se originou a partir do bojo, porque as estrelas presentes ali são mais velhas –  com idades próximas à do Universo em si.

No Big Bang, se formaram apenas átomos leves, principalmente hidrogênio e hélio. Os elementos mais pesados só foram produzidos depois, no núcleo de estrelas de alta massa, e expelidos no meio interestelar quando essas estrelas morreram.

Esses restos mortais, agora impregnados com metais, são reciclados em novas estrelas. É por isso que, quanto mais jovem é uma estrela, mais elementos pesados ela costuma ter em sua composição.

Acontece que, no bojo, até as estrelas mais ricas em metais são idosas. Isso indica que houve uma produção abundante de estrelas na origem do Universo, com várias gerações se sucedendo rapidamente. Em 1995, Barbuy contribuiu para a descoberta da idade das estrelas do bojo, o que mudou concepções arraigadas sobre a história da galáxia.

Hoje, a astrofísica faz parte da Academia Brasileira de Ciências e também da Academia Francesa de Ciências, posição que considera sua maior honra. Apenas 150 estrangeiros fazem parte do seleto grupo de cientistas. Ela também é a única brasileira a escrever como autora principal para o Annual Review of Astronomy and Astrophysics, que é publicado uma vez por ano.

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Conheça cuidados preventivos que podem ajudar no combate à depressão

Na internet, na televisão e nas conversas entre amigos, é comum encontrar conselhos para fortalecer o organismo e evitar doenças. Graças a essa troca de informações, hábitos como praticar atividades físicas, seguir uma alimentação equilibrada, não fumar e fazer checkup anualmente vêm sendo incorporados à rotina de grande parte da população.

Mas, além da saúde física, é essencial, também, cuidar da saúde mental – para evitar doenças como a depressão, que pode desencadear uma série de problemas e, em alguns casos, até causar mortes por suicídio. O segredo de cuidar bem do corpo e da mente é investir na prevenção. “As mulheres vão todo ano ao ginecologista e nem sempre para tratar alguma enfermidade, e sim para prevenir. Temos que nos dedicar à nossa saúde mental do mesmo modo que fazemos com nossos dentes, por exemplo, que escovamos todos os dias”, comenta o psiquiatra Elson Asevedo, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo.

 

Depressão: como prevenir?

Assim como a prática de exercícios fortalece o sistema cardiovascular, melhora o condicionamento físico e, consequentemente, a saúde, alguns hábitos e comportamentos são fundamentais para a saúde mental. Por exemplo, o consumo de frutas, grãos integrais, vegetais, peixes, azeite e laticínios com baixo teor de gordura contribui com a prevenção da depressão. Por outro lado, a dieta rica em caloria, mas com baixo teor nutritivo, como frituras e gorduras saturadas, tem sido associada ao aumento do risco de desenvolvimento da doença.

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Outro cuidado é dormir bem. O sono é fundamental e sua falta facilita o surgimento do transtorno. “Ter um horário habitual para despertar auxilia o ciclo fisiológico e mantém o organismo saudável”, explica o psiquiatra Renério Fráguas Junior.

Vale, ainda, incorporar à sua rotina a prática de exercícios – ao menos três vezes por semana. Sabe-se que os esportes promovem a liberação de endorfina, o hormônio do prazer, e de outros neurotransmissores por trás da sensação de bem-estar. Mas os benefícios vão além, de acordo com Fráguas. “Suar a camisa desencadeia reações cerebrais que contribuem para a formação de mais pontos de contato entre os neurônios. Como resultado, aumenta a comunicação entre os circuitos que processam as emoções negativas e positivas e, consequentemente, eleva o prazer e o interesse por aquilo de que a pessoa gosta. Por outro lado, diminui a tendência à tristeza e ao desânimo.”

A forma como se encara a vida também deve ser analisada. Reservar alguns momentos para fazer o que lhe dá prazer e buscar atividades que proporcionem a sensação de felicidade, tranquilidade e bem-estar são atitudes essenciais para manter a cabeça ativa e o pensamento positivo. Pode ser deitar na rede para ler um livro, ouvir uma música, praticar ioga, meditação ou terapias diversas, aprender coisas novas, cultivar um hobby ou viajar.

Acolhimento para uma mente sã e o momento de buscar ajuda

Cercar-se de pessoas que lhe dão apoio também é um cuidado importante para se sentir fortalecido e prevenir a depressão. “Sabe-se que o estresse é um dos fatores desencadeadores da doença. No entanto, o apoio do cônjuge, família e amigos assim como dos pais, em particular para crianças e adolescentes, é capaz de proteger contra o transtorno. Por meio de conversas, incentivos e amparo, eles garantem um suporte emocional que permite o desenvolvimento da capacidade de resiliência e de superação de situações adversas. Como consequência, diminuem os fatores estressantes e a reação ao estresse”, explica Fráguas. Em paralelo, é necessário dar atenção aos sinais de alerta, como por exemplo, sensação de angústia, ansiedade exagerada, baixa autoestima, insônia (ou excesso de sono), desinteresse por atividades que antes davam prazer, pensamentos pessimistas, às vezes sobre a morte, comportamentos compulsivos, dificuldade para se concentrar, problemas ou disfunções sexuais, sensação de impotência ou incapacidade para os afazeres do dia a dia, que indicam que é hora de procurar ajuda profissional. Um passo essencial para cuidar da saúde mental é olhar para dentro de si e reconhecer as próprias emoções. “Essa é uma habilidade complexa, e identificar que aquilo que a pessoa está sentindo vai além de uma tristeza habitual não é fácil”, conta Asevedo.

Outro ponto fundamental para proteger a saúde mental é desconstruir crenças, preconceitos e tabus que em nada ajudam a prevenir ou superar a depressão. Por exemplo, buscar um psiquiatra ou psicólogo não é exagero nem está, necessariamente, vinculado a uma suspeita considerável do transtorno. Além disso, não é preguiça nem frescura, e pode afetar homens e mulheres, de qualquer classe social. Trata-se de uma doença psiquiátrica que requer tratamento adequado, e é importante buscá-lo o quanto antes.

Para requalificar, por meio da informação, a forma como nos referimos à depressão e estimular a construção de um ambiente acolhedor, no qual a pessoa com depressão  se sinta engajada a procurar ajuda qualificada, a Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, lidera o Movimento Falar Inspira Vida. Entre as ferramentas criadas pelo Movimento está o Guia Depressão: Quando Saber Falar e Ouvir Inspira a Vida, que explica qual a maneira mais adequada e empática para falar sobre o tema, de forma a promover uma escuta acolhedora e incentivar a busca por apoio de profissionais qualificados. Acesse, informe-se, compartilhe e ajude a construir uma sociedade mais preparada, empática e livre de julgamentos. 

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Vacina da tuberculose contra o coronavírus: o que sabemos até agora

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou no Brasil o estudo Brace Trial, que pretende avaliar a eficácia da vacina BCG, feita originalmente contra a tuberculose, para minimizar o impacto do novo coronavírus (Sars-CoV-2). A pesquisa está sendo realizada também na Austrália, no Reino Unido, na Espanha e na Holanda e deve contar com a participação de 10 mil voluntários no total.

De acordo com o infectologista Julio Croda, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e um dos líderes da investigação, a BCG ajudaria a combater a Covid-19 porque é capaz de estimular o sistema imunológico de uma maneira mais geral. “É o que chamamos de resposta imune inata”, diz. Ou seja, células e outras moléculas que compõem a primeira linha de defesa do organismo contra diferentes infecções seriam despertadas pela vacina BCG — e, talvez, evitassem o coronavírus ou atenuassem seus sintomas.

Estudos anteriores sugerem essa ação mais generalizada contra vírus e bactérias em cenários anteriores ao da pandemia atual. Uma revisão publicada em 2016 no periódico British Medical Journal checou esse efeito em crianças menores de 5 anos. A partir de cinco pesquisas clínicas, notou-se uma tendência de redução de 30% no risco de morte por qualquer razão, o que não seria justificado só pela proteção contra a tuberculose. No entanto, esse resultado estava — por muito pouco — dentro da margem de erro.

Pesquisas observacionais que foram avaliadas nessa mesma revisão também associaram a vacina BCG a uma menor probabilidade de morte por qualquer causa nos pequenos com menos de 5 anos (na ordem de 53%). Mas esse tipo de levantamento é menos confiável do que as pesquisas clínicas.

Outra análise, dessa vez realizada no Hospital Islâmico Sitti Maryam, na Indonésia, indica que esse benefício não se restringiria à meninada. Os cientistas selecionaram 34 idosos de 60 a 75 anos: parte recebeu a vacina BCG, enquanto a outra tomou uma injeção placebo (com uma substância sem efeito nenhum). Ao final, eles constataram uma maior redução de infecções agudas do trato respiratório em geral no grupo que se imunizou contra a tuberculose.

É bom lembrar que esse imunizante não seria o único a causar um efeito protetor amplo, assim por dizer. As vacinas para o sarampo e a poliomielite também instigam esse tipo de imunidade. Mas ainda não há provas de que nenhuma delas seja capaz de conter o novo coronavírus. É justamente isso que a Fiocruz pretende investigar.

Em que pé está o estudo

Existem mais pesquisas sendo realizadas no mundo para checar se a vacina BCG funciona diante do Sars-CoV-2, inclusive no Brasil. Porém, o Brace Trial é a única em fase três — está mais avançada, portanto.

“Ela se diferencia pelo número maior de voluntários e por avaliar não apenas a eficácia, mas também se há redução nas taxas de internação e óbito”, aponta Croda.

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No Brasil, serão recrutados 3 mil participantes acima de 18 anos, todos profissionais da saúde — incluindo os que fazem parte do grupo de risco. Os voluntários serão de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e na cidade do Rio de Janeiro.

“A ideia é acompanhá-los por um ano. Toda semana, iremos questionar a respeito dos sintomas respiratórios e, a cada três meses, realizar o exame sorológico”, informa o professor.

Se der tudo certo, as agências regulatórias precisam apenas autorizar uma mudança na bula da injeção. Ao contrário das candidatas à vacina contra o coronavírus que estão sendo desenvolvidas, a opção contra a tuberculose já conta com um sistema de produção e distribuição robusto.

“Mesmo quando uma vacina específica para o coronavírus for aprovada, não teremos capacidade de fabricar a quantidade necessária para a população. Então, a BCG pode ser uma alternativa até conseguirmos aplicar o imunizante novo em todo mundo”, raciocina Croda.

Vacina BCG geraria proteção duradoura contra o coronavírus?

Um estudo americano divulgado meses atrás sugeriu que países com esse imunizante nos seus programas de vacinação seriam menos afetados pela pandemia. A teoria é a de que, mesmo anos depois da aplicação da dose, a população teria uma resposta imune mais adequada contra o Sars-CoV-2.

No entanto, o trabalho recebeu críticas, como mostramos aqui. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) até emitiu um comunicado exigindo muita cautela com a interpretação dos dados.

Um ponto levantado por Croda que vai contra a pesquisa americana é o de que a imunidade inata gerada pela vacina BCG contra outras infecções parece ser passageira. “Os estudos revelam que ela dura de um ano a um ano e meio”, estima.

Conclusão: mesmo que a injeção contra a tuberculose gere alguma proteção no curto prazo contra o Sars-CoV-2, nada indica que aplicações lá na infância sejam capazes de barrá-lo.

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Neil deGrasse Tyson divulga, no Twitter, carta à ciência brasileira

O astrofísico pop Neil deGrasse Tyson divulgou no Twitter na manhã desta sexta (30) uma carta de incentivo à ciência e tecnologia brasileiras.  A mensagem faz parte da coletânea Letters from an Astrophysicist, que está sendo lançada este mês em países anglófonos. A tradução em português, intitulada Respostas de um astrofisico, vai sair pela editora Record e está em pré-venda.

No texto, o diretor do Planetário Hayden, em Nova York, afirma que nunca pôde vir ao Brasil – mas que passou bastante tempo no nosso vizinho Chile, frequentando os telescópios de última geração instalados no Deserto do Atacama. 

Tyson fala do céu estrelado em nossa bandeira e dos clichês que os estrangeiros associam a nosso país. E explica que a melhor maneira de incentivar o futuro da nossa ciência e tecnologia é cultivar uma imagem positiva desses setores no presente. Por que nos vangloriamos do futebol e da garota de Ipanema, mas não dos aviões da Embraer, uma das empresas mais relevantes do setor aeroespacial?

“Um dos grandes pioneiros nos primórdios da aviação era brasileiro”, escreve Tyson. “Engenheiro brilhante e inventivo, altamente condecorado, Alberto Santos-Dumont liderou a transição mundial do transporte aéreo mais leve que o ar para o mais pesado que o ar. O valor de uma semente cultural como essa, plantada no nascimento de uma indústria, é incalculável.”

Você pode ler a carta na íntegra, em português, no site do Planetário Hayden. Clique aqui.  

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Reumatologistas ainda são poucos e raros no Brasil

Parece no mínimo paradoxal comemorar o Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo em um país em que pode haver mais de 20 milhões de pessoas acometidas por doenças reumáticas e, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), existem cerca de 2 400 especialistas disponíveis para atendê-las. O cenário fica pior quando pegamos dados do IBGE e da Previdência Social mostrando que os problemas reumáticos representam a segunda maior causa de solicitações de auxilio-doença e aposentadoria por invalidez no Brasil.

Para complicar, desse número total de reumatologistas citado acima, mais da metade se concentra em São Paulo e atende em consultórios particulares. Qual é o motivo de tamanha discrepância?

Primeiro, a falta de conhecimento sobre o reumatismo, termo que na verdade abrange mais de 120 tipos de doenças que podem estar ligadas a articulações, músculos, ligamentos, tendões ou ao próprio sistema imunológico. Falamos de um universo que compreende artrites, dores nas costas, tendinites e bursites causadas por esforços repetitivos e doenças inflamatórias autoimunes. E que engloba estudos bioquímicos e cruzamentos com outras especialidades.

Muitas vezes, a dor e o inchaço numa articulação vêm de um problema autoimune, por exemplo. Uma dor contínua nas costas pode ser o primeiro sintoma de uma condição chamada espondilite anquilosante. A questão é que essas doenças precisam de um reumatologista para fazer o diagnóstico precocemente. Em geral, as pessoas com esses sintomas procuram o ortopedista, que cuida mais de traumas. Nós, reumatos, é que tratamos das “ites” que têm causas inflamatórias. Em meio a essa busca equivocada, brasileiros ficam sem diagnóstico e tratamento adequados.

Outro mito em torno das doenças reumáticas é pensar que elas se restringem aos idosos. Não é verdade. Elas surgem em sua maioria por um mau funcionamento do sistema imunológico, podendo aparecer em qualquer idade e não acometer só as juntas. Assim, provocam dores e outros sintomas, além de abalar a qualidade de vida, inclusive em pessoas mais jovens.

Um terceiro aspecto, e que reflete o que apontei há pouco, é que o acesso ao especialista, tanto no sistema público como no privado, ainda é muito difícil. Aprendi com os ensinamentos do meu avô, o professor Castor Jordão Cobra, um dos pioneiros nos estudos e no tratamento das doenças reumáticas no país, que a reumatologia deveria seguir um caminho democrático. Portanto, é importante consolidar serviços mais completos, que atuem também em hospitais e possam ampliar exponencialmente o acesso aos cuidados nessa área.

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Inclusive em tempos de adversidade como o da pandemia de Covid-19. Quando o coronavírus chegou ao Brasil, os reumatologistas tiveram de assegurar e resguardar seus pacientes com respostas imediatas. Por isso, a minha equipe assistiu e leu inúmeras discussões de como o novo vírus poderia afetar pacientes em tratamento de doenças autoimunes. Assim como milhares de outros médicos ao redor do mundo, refletimos e elaboramos estratégias para protegê-los.

Nesse contexto, realizamos um estudo prospectivo com 100 pacientes em tratamento de doenças autoimunes desde o início da epidemia, que foram monitorados durante quatro meses. Mensuramos os anticorpos, testamos a presença do vírus e concluímos que durante o pico da pandemia os pacientes se comportaram como o restante da população. Nenhum deles evoluiu para um quadro grave ou precisou ser internado.

Dos 18 que foram infectados pelo Sars-CoV-2, quatro tiveram a doença de forma branda e 14 evoluíram assintomáticos. Os resultados dessa pesquisa, conduzida pela Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra, a Dasa e o Hospital Santa Paula, se somam a outras evidências internacionais que guiaram a continuidade dos tratamentos de forma segura e embasada nesses pacientes.

Eu e todos os especialistas que participaram do estudo acreditávamos que mesmo com o pequeno número de 2 400 profissionais pelo país ainda podemos provar para essas mais de 20 milhões de pessoas que sim, somos poucos, raros, mas estamos aqui para servir e ampliar cada vez mais o acesso a quem sofre com essas doenças crônicas.

E vamos continuar nossos trabalhos e esforços para que qualquer pessoa acometida por uma doença reumática possa se sentir acolhida e segura, nutrindo a esperança de que um dia esses números se invertam e possamos oferecer uma assistência mais democrática.

* Jayme Fogagnolo Cobra é reumatologista, diretor da Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra, em São Paulo, e líder de um grupo de mais de 40 médicos que atuam em oito hospitais da região Sudeste

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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Psoríase: o que é, sintomas, causas, diagnóstico e tratamentos

O que é psoríase

A psoríase é uma doença autoimune, inflamatória e não contagiosa da pele. O próprio sistema de defesa do corpo começa a atacar as células dermatológicas por algum motivo, causando lesões. Ela acomete todas as faixas etárias e os dois sexos, mas é mais comum em adultos jovens. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontam que afeta 2 milhões de pessoas no nosso país.

De acordo com o dermatologista Ricardo Romiti, coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da SBD, ainda não se conhece exatamente qual a sua causa. Sabe-se apenas que ela está relacionada a fatores genéticos e imunológicos de cada indivíduo.

“Além disso, alguns gatilhos desencadeiam ou agravam crises: estresse, infecções, banhos longos e muito quentes, uso de certas medicações e o tempo frio”, enumera Romiti.

Tipos de psoríase

Os sintomas de psoríase variam conforme o tipo da doença (e sua intensidade). Veja os principais:

Psoríase em placas ou vulgar:

Representa 90% dos casos. Acomete preferencialmente couro cabeludo, cotovelos, joelhos e dorso, e se manifesta através de lesões avermelhadas e elevadas, cobertas por escamas esbranquiçadas.

“Elas se desprendem com facilidade da pele, espalhando-se pelas roupas e objetos de contato diário, como pentes”, relata Romiti. As rachaduras vêm acompanhadas de dor e coceira.

Psoríase ungueal:

As lesões aparecem nas unhas das mãos e pés, levando-as a crescerem de forma desigual. As unhas chegam a ficar deformadas e mudam de cor.

Psoríase palmoplantar:

A palma das mãos e a sola dos pés são atingidos pelas placas.

Psoríase invertida:

As manchas vermelhas afetam áreas do corpo que suam mais (axilas, embaixo dos seios, virilha e dobra dos joelhos e cotovelos).

Psoríase artropática ou artrite psoriásica:

Às vezes, a inflamação se espalha por outras partes do corpo além da pele, chegando às articulações. Os sintomas são os mesmos da artrite comum (dor, inchaço e rigidez nas juntas). Esse quadro tende a demorar mais para aparecer.

Psoríase pustulosa:

São as mesmas lesões da versão vulgar, porém acompanhadas de bolhas com pus. Surgem no corpo todo ou só de forma localizada.

Psoríase gutata:

É caracterizada por manchas menores e mais finas que a vulgar, em formato de gota. São comuns em crianças e adultos jovens, aparecendo no tronco, nos membros e no couro cabeludo.

Psoríase eritrodérmica:

O corpo inteiro é acometido por manchas vermelhas que coçam e ardem intensamente. Por sorte, esse é o tipo mais raro.

Diagnóstico da psoríase

A confirmação do problema acontece, em geral no próprio consultório médico. Dermatologistas estão preparados para reconhecê-lo.

“Em alguns casos, também é necessário realizar uma biópsia da pele para afastar a possibilidade de outras doenças”, acrescenta Romiti. Se apresentar sintomas suspeitos, consulte um médico.

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Psoríase tem cura? Conheça o tratamento

“Ainda não há cura, mas hoje é possível tratar de maneira muito satisfatória”, comemora Romiti. Segundo ele, o arsenal terapêutico disponível consegue controlar completamente ou quase completamente os sinais e sintomas da psoríase.

O tratamento escolhido depende do tipo da doença, de sua extensão e da gravidade. Há quem só manifeste uma ou outra mancha de vez em quando, enquanto outros pacientes ficam com boa parte do corpo recoberta pelas lesões.

“Usamos desde medicações tópicas, com pomadas e cremes de efeito anti-inflamatório, até terapias sistêmicas”, ensina o profissional da SBD. O que são terapias sistêmicas? Em resumo, remédios para psoríase são orais, fototerapia e medicamentos injetáveis — os biológicos ou imunobiológicos.

De uma forma ou de outra, eles tentam conter os ataques do sistema imune à pele e a outras estruturas afetadas.

Romiti conta que os fármacos injetáveis, mais modernos, representam medidas extremamente eficazes e seguras no manejo. Quatro deles inclusive já foram incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para casos graves: o adalimumabe, o secuquinumabe, o ustequinumabe e o etanercepte.

Saiba como lidar com o prognóstico e as possíveis complicações

Infelizmente, a psoríase é carregada de estigmas e preconceito. Como já dissemos, a doença não é contagiosa, mas há quem tenha medo de se aproximar dos pacientes sem qualquer justificativa.

“Por causa das lesões aparentes, as pessoas sofrem discriminação e tendem a se isolar”, lamenta o Romiti. É comum que elas desenvolvam depressão e ansiedade. “Muitas precisam de um acompanhamento multidisciplinar para lidar da forma mais adequada com a doença”, aponta o médico. Psicólogos e psiquiatras muitas vezes são peça-chave nessa estratégia.

“Mas reforço que, atualmente, a psoríase é perfeitamente tratável. Isso devolve o bem-estar e a qualidade de vida”, completa Romiti.

Por outro lado, se não tratada corretamente, as lesões, dores e coceira pioram. “Casos graves podem demandar internação hospitalar pelo alto risco de complicações, como infecção e choque”, alerta o dermatologista. Por isso é tão importante buscar ajuda médica e não interromper a terapia.

Além disso, como dissemos no tópico sobre a artrite psoriásica, a inflamação é capaz de se espalhar pelo corpo, principalmente sem um tratamento adequado. Embora as articulações pareçam ser um alvo principal, a psoríase é capaz de afetar o sistema cardiovascular, o que aumenta risco de infarto e AVC.

Tratar, portanto, não protege apenas a pele.

Psoríase e coronavírus

Muitos dos tratamentos para psoríase buscam diminuir a atuação do sistema imune. E havia um receio de que isso favorecesse casos graves de Covid-19. No entanto, novos estudos sugerem que os remédios são seguros, embora seja sempre bom avaliar cada situação.

Abandonar a estratégia terapêutica sem conversar antes com um profissional pode trazer riscos para o corpo todo, como já mencionamos.

Há prevenção?

Infelizmente, não há formas conhecidas de evitar a doença. Mas tomando certos cuidados, é possível escapar da piora do quadro ou de crises intensas.

“As dicas incluem hábitos de vida saudáveis, uso de hidratantes e banhos de sol por período limitado”, lista Romiti. Ah, não cutuque ou arranque as escamas que se formam sobre a pele.

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Pesquisadores brasileiros encontram fóssil raro de inseto no Ceará

Entre 113 e 125 milhões de anos atrás, no período conhecido como Cretáceo Inferior, África e América do Sul ainda formavam um único continente, conhecido como Gonduana. Mas os blocos de terra já davam indícios de separação: na região que hoje compreende a Bacia do Araripe, no Ceará, havia uma pequena abertura que formava um oceano estreito e raso. A beira deste oceano, estava um ambiente composto por lagos e rochas, conhecido hoje como Formação Crato. 

Essas são as principais informações que temos hoje sobre a região. Mas, um fóssil raro de inseto voador, encontrado recentemente por lá, pode ajudar os cientistas a desvendarem diversos aspectos desse cenário. 

O bichinho é um representante da ordem Ephemeroptera – ou simplesmente efêmeras. Ele foi encontrado em 2018 por uma equipe de paleontólogos da Universidade Regional do Cariri (URCA) e, posteriormente, estudado por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). O estudo foi publicado nesta quarta-feira na revista científica Plos One. Este é apenas o segundo fóssil de adulto da família Oligoneuriidae a ser encontrado no mundo – e o primeiro a ser reportado na literatura acadêmica. 

Dar de cara com um fóssil destes não é fácil: as efêmeras são insetos aquáticos e vivem em locais com correnteza e fluxos de água intensos. “Esses ambientes não são muito propícios para fossilização”, explica Arianny Storari, principal autora do estudo. “A correnteza poderia quebrar as asas, abdômen e outras partes delicadas do inseto.” É isso que torna o fóssil tão raro. 

Além disso, a efêmera descrita tinha alguns traços curiosos. Suas asas traziam um padrão intermediário de dois grupos de Ephemeropteras. “Isso provavelmente acontece porque é um grupo mais primitivo, que ainda não havia sofrido todas as pressões da seleção natural para ter o padrão que vemos hoje”, disse a pesquisadora. “É como se o inseto estivesse na metade do caminho evolutivo.”

O padrão único rendeu à nova espécie o nome de Incogemina nubila, que significa “geminação incompleta” em latim. “Nubila”, por sua vez, quer dizer “nublado”, uma referência à coloração acinzentada do calcário em que estava o fóssil.

As efêmeras são ótimos biomarcadores ambientais, ou seja, a análise destes insetos pode ajudar os cientistas a responderem questões ecológicas e climáticas do passado. No entanto, esses são passos dos próximos estudos. 

Por ora, há apenas hipóteses. Os pesquisadores identificaram níveis de mortalidade em massa ao observar várias larvas do inseto que morreram de uma vez só em um pedaço do calcário. As larvas, que se desenvolvem na água, provavelmente foram atingidas por algum tipo de estresse climático. “Existe a hipótese de que o clima era bem quente, tendendo a aridez”, disse Arianny. “Então, havia na verdade complexos de lagos que poderiam secar esporadicamente. Com os lagos secando, as larvas podem ter morrido pela falta de oxigênio. Mas ainda não podemos afirmar.”

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Conheça as fotos mais engraçadas do reino animal de 2020

A natureza pode ser selvagem e assustadoras às vezes – mas também é adorável e engraçada, dependendo do ângulo. São fotos desses momentos que a Comedy Wildlife Photography Awards premia todos os anos – e os vencedores de 2020 foram anunciados nesta semana.

A grande campeã da categoria principal foi a simpática tartaruga Terry, que você vê acima. Ela se encontrou com o fotógrafo Mark Fitzpatrick durante um mergulho na Ilha Lady Elliot, na Austrália, mas, como dá para ver, ela não estava muito animada. O registro foi escolhido pelo júri entre mais de 7 mil fotos enviadas de todo o mundo, e rendeu ao fotógrafo um safári no Quênia, pago pela organização do Comedy Wildlife.

Criado em 2015 pelos fotógrafos Paul Joynson-Hicks e Tom Sullam, o prêmio usa o bom humor para promover o conservacionismo e a conscientização ambiental – e por isso trabalha em conjunto com a Born Free Foundation, associação britânica que luta pela preservação dos animais selvagens. O júri é composto por fotógrafos, cientistas e apoiadores da causa.

Além da vencedora da categoria principal, outras fotos foram premiadas. Na escolha do público, que votou pela internet, o registro vencedor foi o do esquilo abaixo – a foto foi chamada de “O sole mio“, em referência à famosa canção napolitana.

<span class="hidden">–</span>Roland Kranitz / Comedy Wildlife Photography Awards 2020/Divulgação

Outros registros também foram considerados menções honrosas pelo júri, como a deste sorridente peixe-papagaio, registrado nas Ilhas Canárias.

<span class="hidden">–</span>Arturo Telle Thiemann / Comedy Wildlife Photography Awards 2020/Divulgação

Já a foto destas aves recebeu um nome bastante apropriado para épocas de pandemia: “Distanciamento social, por favor!”.

<span class="hidden">–</span>Petr Sochman / Comedy Wildlife Photography Awards 2020/Divulgação

Este martim-pescador rebelde também recebeu uma menção honrosa (“Proibido pescar”, diz a placa), assim como os fofos elefantes-marinhos e esse guloso (e egoísta) papagaio-do-mar. Você pode conferir todos os vencedores no site da premiação.

<span class="hidden">–</span>Sally Lloyd Jones / Comedy Wildlife Photography Awards 2020/Divulgação
<img class="wp-image-313882 size-full" src="https://super.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/10/comedy-wildlife_03.jpg?quality=70&strip=info&quot; border="0" alt="" title="comedy-wildlife_03" width="1024" height="682" data-restrict="false" data-portal-copyright="Krisztina Scheeff / Comedy Wildlife Photography Awards 2020" data-image-caption="" data-image-title="" data-image-source="Divulgação" />Luis Bergueño / Comedy Wildlife Photography Awards 2020/Divulgação
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VEJA SAÚDE é premiada por cobertura do coronavírus

A revista VEJA SAÚDE acaba de ganhar o Prêmio de Jornalismo “Fique em Casa” da Fundação Merck na América Latina. Laureada na categoria “mídia impressa”, a publicação foi reconhecida “por sua cobertura excepcional, que ajudou o povo brasileiro a adquirir informações e fatos importantes sobre a Covid-19”, nas palavras do comitê organizador.

VEJA SAÚDE ficou em primeiro lugar na América Latina — outros títulos venceram nos demais continentes — por cinco reportagens de capa sobre as repercussões diretas e indiretas da pandemia do coronavírus. Assinadas pelo jornalista André Biernath, as matérias vencedoras foram publicadas entre março e agosto e abordam:

A premiação reforça o compromisso de VEJA SAÚDE de “informar, contextualizar e traduzir conceitos, ideias e práticas para se ter uma vida mais saudável, equilibrada e feliz”, segundo o redator-chefe Diogo Sponchiato.

Aumentando a lista de reconhecimentos da marca, Diogo Sponchiato foi pela quarta vez consecutiva um dos vencedores do Prêmio Especialistas, da plataforma Negócios da Comunicação, voltado ao jornalismo especializado.

Além da revista, o site de VEJA SAÚDE publica diariamente conteúdos exclusivos sobre o coronavírus e outros temas quentes do universo da saúde.

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