segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Ossos de cervo eram a “comida enlatada” do paleolítico

Sem técnicas para estocar alimento, a civilização não teria chegado a lugar algum. E esse hábito pode ter começado bem antes da civilização – antes do surgimento do Homo sapiens, inclusive.

Uma pesquisa feita pela Universidade de Tel Aviv encontrou as evidências de que hominídeos de 400 mil anos atrás já conseguiam guardar comida. O Homo sapiens, vale lembrar, surgiu há no máximo 300 mil anos.

Os pesquisadores analisaram mais de 80 mil amostras de ossos enterrados na caverna Qesem, em Israel. Muitos dos ossos eram partes da perna de cervos e tinham marcas e cortes profundos. Já que essa parte não possui muita carne ou gordura, a explicação mais provável é que os caçadores estavam interessados na parte de dentro dos ossos.

O tutano — medula óssea — é rico em calorias e ajudou grupos pré-históricos a sobreviver. O que os cientistas descobriram é que ele também servia como um “lanchinho” para comer depois. As marcas encontradas nos ossos indicam que os cortes foram feitos bem depois do momento da caça, quando a pele do animal já havia ressecado e “grudado” mais ao esqueleto. Os ossos provavelmente eram guardados ainda com a pele, para ajudar na preservação do alimento..

“Até agora, as evidências só apontavam para o consumo imediato do tutano, logo após a remoção da pele”, disse o pesquisador Ran Barkai. “ Agora sabemos que eles traziam partes específicas da carcaça do animal para dentro da caverna”.

Para verificar a hipótese, os pesquisadores fizeram um experimento com 79 pernas de cervos para averiguar se elas ainda seriam consumíveis após a caçada do animal. A cada semana, a equipe tentava remover o tutano usando ferramentas pré-históricas que estariam disponíveis aos hominídeos da época – provavelmente descendentes do Homo erectus, o hominídeo que surgiu há 2 milhões de anos e deu origem aos sapiens e neandertais. 

Ao comparar os ossos modernos com os antigos, os cientistas perceberam que as marcas nos dois eram extremamente parecidas. Quanto à qualidade da carne, as análises químicas mostraram que ela poderia manter seu valor nutricional por até nove semanas.

 

 


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