A música pode ter propriedades inusitadas para a indústria de alimentos. Este estudo, por exemplo, mostrou que colocar Beethoven para vacas escutarem pode aumentar a produção de leite em 3% – já porcos, fãs convictos de Bach, brigam menos e ganham mais peso ao som do compositor alemão. Plantas, assim como os amigos quadrúpedes, também parecem nutrir preferência por música clássica, e crescem mais quando escutam uma boa sonata.
Estimular seres vivos com uma sonzera de qualidade, portanto, já virou moda tanto em pesquisas quanto para negócios alimentícios. Mas, e se o produto em questão for algo inanimado, como uma bela peça de queijo? A qualidade daquilo que ela “escuta” pode interferir na qualidade do produto?
Uma produtora de queijos da Suíça, chamada Beat Wampfler, apostava que sim. Tanto que, em parceria com a Universidade de Berna, na capital do país, resolveu se lançar em um estudo curioso: testar a reação de seus queijos a nove estilos musicais diferentes.
As peças de queijo tipo emental usadas no experimento tinham pouco menos de 10 quilos. Em setembro do ano passado, cada uma foi guardada em uma caixa de madeira e exposta 24 horas por dia a uma maratona sinfônica, que durou seis meses.
Mas não eram auto-falantes que “tocavam” para as peças. Foram utilizados mini transdutores (que transformam energia elétrica em vibrações sonoras) acoplados aos queijos. As peças, portanto, eram expostas a diferentes tipos de tremedeiras sonoras, que nossos ouvidos interpretam como gêneros musicais diferentes.
Três queijos foram expostos a frequências sonoras, sem melodia: uma baixa (25 Hz), outra média (200 Hz) e outra alta (1000 Hz). Outros seis, porém, ouviram canções de verdade.
Entre as músicas utilizadas, destaca a agência Reuters, estavam clássicos como o álbum We Got it From Here, do grupo americano de hip-hop A Tribe Called Quest, The Magic Flute, de Mozart e Stairway to Heaven, eternizada pelo Led Zeppelin.
Para o queijo que ouviu música ambiente, a canção foi Monolith, da banda suíça Yello. Já para o queijo embalado por música techno, UV, composta pelo DJ Vril. Uma peça ficou no total silêncio, para que fosse comparada com as outras.
Terminados os testes, os pesquisadores convidaram especialistas que não estavam envolvidos com o estudo para degustar os produtos. Após partir os queijos, a surpresa: aqueles que maturaram “ouvindo” canções apresentaram gosto mais suave que o normal.
O destaque, porém, foi para o queijo que ouviu hip-hop: segundo os críticos gastronômicos, a peça mais era mais intensa nos quesitos aroma e sabor que a peça maturada em silêncio. Culpa o som de A Tribe Called Quest?
“O impacto bio-acústico das ondas sonoras afetam processos metabólicos do queijo, a ponto de a diferença no sabor se tornar aparente. Em resumo, o queijo que foi exposto à música tem gosto diferente,” disse Michael Harenberg, pesquisador da Universidade de Berna que liderou o estudo, ao site Digital Trends.
A ideia, segundo disseram os autores da pesquisa, é focar em variações do estilo que deu mais certo, o hip-hop. Será que os queijos vão preferir algo mais calminho, estilo “lo-fi“? Ou a onda preferida nos laticínios é algo mais próxima de Wu-Tang Clan e companhia? Só o tempo poderá dizer.
Queijo pode ter sabor diferente quando matura ao som de hip-hop Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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