A anemia é a doença do sangue que mais afeta pessoas no mundo, com cerca de dois bilhões de casos.
Ela é resultado da ausência de hemácias, ou glóbulos vermelhos saudáveis. Quando tais estruturas não existem na quantidade adequada, o transporte de hemoglobina, proteína do sangue responsável por abastecer o corpo com oxigênio, fica comprometido. Um corpo que não conta com todo o O2 que precisa, por sua vez, pode sofrer de sintomas como fadiga, dores no peito, tonturas ou batimento cardíaco acelerado.
Para detectar se alguém é anêmico, o exame mais comumum é o hemograma. Após a coleta de amostras, o paciente inicia uma espera que costuma demorar dias: o sangue retirado vai para um laboratório, que analisa o material a partir de aspectos como quantidade de hemácias, plaquetas e glóbulos brancos, e elabora um relatório. Depois de buscar a papelada, o paciente precisa fazer uma visitinha ao médico, que interpreta os resultados e dá o diagnóstico.
Uma nova tecnologia promete simplificar esse caminho. Pesquisadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos, conseguiram treinar um algoritmo para analisar a coloração das unhas de uma pessoa e detectar a situação da hemoglobina presente em seu sangue. Sim, unhas podem ser bons indicadores para o nível de hemoglobina do sangue, dispensando a coleta de sangue. É que as unhas não contêm células que produzem melanina, e poderiam mascarar sua cor original.
A ideia é ainda mais interessante porque não é preciso de um scanner para as mãos nem nada do tipo. Basta uma foto tirada com um smartphone comum. Um estudo sobre a ideia foi publicado na última terça-feira (4), na revista científica Nature Communications.
Para treinar a inteligência artificial a enxergar padrões nas cores das unhas, os pesquisadores fotografaram as mãos de 227 pessoas. Todas haviam passado previamente por um hemograma, que estimou o total de hemoglobina em seu sangue.
A partir desse material fotográfico, o algoritmo passou a relacionar determinada cor das unhas a um determinado nível de hemácias. Unhas com tons mais perto do rosa, por exemplo, ganhavam certos pontos na escala. No caso de garras mais arroxeadas, o número era outro. Assim, a inteligência artificial ia criando sua própria escala.
Quando o grupo repetiu o teste com outras 100 pessoas, o algoritmo já sabia dizer com precisão suficiente quem tinha problema na concentração de hemácias e quem não. Você pode ver a ferramenta em ação no vídeo abaixo.
De acordo com os pesquisadores, a eficácia do teste é igual ou até superior a outras ferramentas de diagnóstico aprovadas pela FDA, agência federal do governo americano. A margem de erro, segundo os autores, é de apenas 0,92 grama/decilitro de sangue. Homens saudáveis têm de 13,5 e 17,5 gramas/decilitro, e as mulheres ficam entre 12 e 15,5 gramas/decilitro.
Os desenvolvedores pretendem lançar o app até a metade do ano que vem. Se ele vingar, será uma alternativa interessante – bem mais cômoda que uma visita ao médico, por exemplo. Quem sabe assim a preocupação de estar em jejum para um exame de sangue dê lugar a outra, mais estética, nos próximos anos: deixar as unhas aparadas para sair bem na foto.
Aplicativo detecta anemia a partir de fotos das unhas Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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