sexta-feira, 3 de abril de 2020

5 personalidades históricas que fizeram grandes obras durante quarentenas

Está entediado durante o isolamento? Com a pandemia de Covid-19, que levou grande parte do mundo a entrar em quarentena, muita gente está tentando fugir do ócio de ficar preso dentro de casa por dias e manter a saúde mental em dia. Confira algumas grandes personalidades da história que, muito antes do coronavírus, usaram o tempo de isolamento para produzir coisas incríveis.

(Mas um lembrete: você pode até se inspirar neles, mas não se pressione. Não dá pra se comparar com grandes gênios da humanidade, né?)

Isaac Newton

<span class="hidden">–</span>Time Life Pictures/Superinteressante

Em 1665, quando Isaac Newton era ainda apenas um estudante na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma doença assolou a capital do país. Conhecida como Grande Praga de Londres, a epidemia de peste bubônica matou cerca de cem mil pessoas – um quarto da população da cidade na época. A responsável foi a bactéria Yersinia pestis, transmitida por pulgas (isso só foi descoberto séculos depois). Mesmo assim, a população lutou contra a doença de uma maneira que conhecemos bem: isolamento social. Eventos foram cancelados, estabelecimentos fecharam e aulas foram canceladas. Newton voltou para a casa de sua família no interior, e sua mente trabalhou como nunca.

Foi no ócio que o cientista explorou melhor os problemas matemáticos que ele já havia começado a estudar em Cambridge. Dali saíram as bases do cálculo diferencial e integral (ele tinha só 24 anos). Mas não foi só isso: brincando com prismas no tédio do seu quarto, ele montou suas primeiras teorias sobre ótica. E sabe aquela história da maçã caindo na cabeça de Newton? Então, é mentira. Mas o quintal da casa da família de fato tinham macieiras, e observá-las provavelmente o inspirou a pensar sua teoria sobre gravitação. 

Tudo isso foi feito, aliás, em um período de pouco mais de um ano. A Praga acabou em 1666, quando Newton voltou para Cambridge com seus escritos – e pode finalmente divulgá-los. 

William Shakespeare

<span class="hidden">–</span>Hulton Archive/Superinteressante

Entre 1603 e 1613, Londres registrava surtos periódicos de peste bubônica em sua população – sim, a mesma doença do item anterior (as condições sanitárias não ajudavam muito). Quando a coisa ficava feia mesmo e eram registradas mais de 30 mortes por semana, a cidade entrava em quarentena e estabelecimentos eram fechados – incluindo teatros.

Foi nessa época que o famoso escritor britânico produziu algumas de suas mais famosas obras. Para ser justo, não há provas que Shakespeare em si tenha entrado em quarentena e se isolado durante esses períodos – sabemos só que ele produziu muito quando a cidade estava fechada. Obras como Rei Lear e Macbeth, por exemplo, foram escritas em períodos nos quais os teatros estavam fechados, incluindo a companhia The King’s Men, na qual o escritor trabalhava. Elas só foram apresentadas meses depois, quando a saúde pública voltou aos eixos. De qualquer forma, Shakespeare não viveu muito depois do fim da epidemia – faleceu 3 anos depois, em 1616. 

Giovanni Boccacio

<span class="hidden">–</span>Hulton Archive/Superinteressante

Em 1348, a cidade de Florença foi atingida pela peste bubônica – pois é, ela de novo. Mas, dessa vez, foi “a” peste mesmo. A epidemia ficou conhecido como Peste Negra e matou ⅓ de toda a população europeia, principalmente porque as condições sanitárias não eram nada boas e a doença se espalhava facilmente.

Nesse cenário quase apocalíptico, o poeta italiano Giovanni Boccacio perdeu seus pais para a praga. Com isso, fontes apontam se refugiu no interior do país, longe das cidades populosas e devastadas pela doença. No isolamento, escreveu sua obra mais famosa: o Decamerão. Ele é uma coletânea de dez histórias, contada por dez jovens que se abrigam em uma pequena vila para escapar da Peste Negra que assolava a Itália. A ideia é que eles estivessem conversando para passar o tempo. As histórias são tanto um ato de luto quanto uma celebração da vida, que se regenera após a peste. 

Edvard Munch

<span class="hidden">–</span>ullstein bild Dtl./Superinteressante

Além da Peste Negra, uma outra grande pandemia entrou para a história do mundo: a Gripe Espanhola, que ocorreu em 1918. Causada pelo vírus H1N1 (sim, o da gripe suína), estima-se que um terço da população mundial tenha sido infectada pela doença, totalizando 50 milhões de mortes (incluindo até o presidente do Brasil na época).

Uma das pessoas que acabou doente foi o pintor norueguês Edvard Munch, um dos maiores nomes do movimento artístico conhecido como expressionismo. Sua obra mais famosa é, de longe, “O Grito” – você deve lembrar dela das aulas de artes. Esse quadro não foi pintado enquanto Munch estava em isolamento se recuperando da doença, mas outros foram, incluindo o “Autorretrato com gripe espanhola”, que mostra o próprio pintor no processo de cura.  Felizmente, Munch sobreviveu à doença e viveu até 1944.

Frida Kahlo

<span class="hidden">–</span>Bettmann/Superinteressante

Ao contrário de outros dessa lista, a artista mexicana não ficou exatamente em quarentena por conta de uma pandemia – seu isolamento se deu após um acidente entre o ônibus que estava e um carro, que causou fraturas em sua espinha dorsal. Como resultado Kahlo ficou hospitalizada por um tempo e, após ser liberada, ficou de cama em casa. Foi nesse período que ela desenvolveu amor pela arte e começou a pintar. Um dos seus quadros mais famosos – um autorretrato – foi feito nessa época, com a pintora usando um espelho que ficava acima da sua cama de referência.


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